quinta-feira, 1 de junho de 2017

Jornada Atari 2600 Edição 23: Shooters para Todos os Gostos

Não sei dizer ao certo quantos jogos de Atari 2600 eu cheguei a jogar até aqui. Sei que estou seguindo quase que à risca a ordem de lançamentos do console, e a empreitada de jogar tudo e descrever aqui teve momentos de sentimentos mistos. Em alguns momentos eu senti que isto aqui era um trabalho maçante que eu inventei de fazer em prol de conhecer jogos antigos e escrever sobre eles, e que eu não largava porque na maioria das vezes sou teimoso demais para desistir de metas que determino - em resumo, era um porre. Em outros momentos senti que isto era uma gostosa tarefa, na qual eu me divertia com jogos estilo fliperama/arcade no Atari, prazerosamente aprendendo a apreciar o charme minimalista dos visuais e seus sons simples porém carregados de honestidade e transbordando diversão. Escrever minhas impressões sobre essas jogatinas com minha caneca Storm Trooper cheia de café em um agradável momento de folga em casa, muitas vezes entre um plantão e outro tem sido meu contato com a escrita, como escrever minha própria revista de videogame. Nesta edição estou vivenciando este último sentimento: prazer por escrever estas linhas a respeito do Atari 2600. Neste post fica evidente que o grande carro chefe da biblioteca de jogos do Atari 2600 eram os jogos de tiro, principalmente com naves. Embora eles sejam bastante semelhantes em aspectos de estrutura - atirar em tudo que se move e acumular pontos, cada um deles tem uma característica diferente. Espero não ficar muito repetitivo, pois mesmo me divertindo muito nesta edição, talvez a descrição dos jogos se torne enfadonha em alguns momentos. Vou tentar ser o mínimo repetitivo possível...
                                      
Começando por Sorcerer, é um jogo de tiro lateral no qual a cada tela, após derrotar inimigos, pegamos um tesouro. É um jogo ágil com visuais OK para a época, mas é absurdamente difícil. Não é frescura, a coisa é para lá de frustrante mesmo. Mantendo a mesma pegada, Space Canyon por sua vez é um shooter em tela fixa, seguindo o mesmo caminho do Sorcerer. O jogo é tão encardido logo de cara que fica frustrante. Não há equilíbrio, apenas tiros que te atingem rapidamente e sua movimentação é lenta e travada. Um só tiro e pronto, já perdeu... Que coisa, a edição começa já com dois jogos desleais, ou como a galerinha nesta internet comenta hoje em dia, dois jogos "trolladores". 

Daí passamos para algo mais complexo. Space Shuttle: A Journey Into Space é um simulador de missão espacial da Activision, no qual participamos de uma missão com sonda espacial do início ao final. O jogo é absurdamente bem feito e não parece nada com um jogo de Atari. Estou realmente impressionado com este aqui. O problema é que o jogo não é divertido - pelo menos eu não achei. É um jogo muito bonito, mas chato, que provavelmente nunca mais vou querer jogar. Spike's Peak é um jogo estilo plataforma igual a Donkey Kong. Tem um belo visual para o Atari, mas sempre que eu chego ao segundo nível do caminho, uma águia ataca meu personagem... Que jogo mais estranho... Não dá para avançar por nada... Mas calma que vai melhorar.

Spitfire Attack é mais um jogo de tiro em primeira pessoa do Atari, com temática de pilotagem. É um jogo surpreendentemente bem feito com bons controles e visuais caprichados. Ele fica tedioso rápido, mas mostra que os desenvolvedores de antigamente faziam alguns pequenos milagres no limitado hardware do Atari 2600. Star Fox é um clone de Defender, sem relação com a clássica série de jogos de tiro da Nintendo. Os visuais são simples e os controles são muito bem feitos. O problema aqui é que falta um radar para localizar inimigos, que por sua vez são muito rápidos e difíceis de acertar, tirando muito da diversão. Por outro lado a falta de um radar permite um suspense muito maior comparado com outros jogos do estilo. No final das contas, Star Fox ficou no meio termo: não é nenhum clássico mas também dá para fazer muito pior no Atari. 

Star Trek: Strategic Operations Simulator é uma pequena grande obra de arte na biblioteca do Atari 2600. O jogo realmente me surpreendeu: eu esperava algum clone de Space Invaders ou algum jogo de tiro bugado, mas o que encontrei foi um jogo de temática espacial do tipo que eu nunca vi antes.... E de uma ótima maneira... O jogo é dividido em 3 telas ao mesmo tempo: uma delas mostra a visão do piloto, outra parte mostra a nave em relação ao espaço e outras embarcações em visão superior, e a última mostra o quanto de vida temos, entre outras coisas do jogo. É preciso navegar por cada seção e atirar nas naves roxas e vermelhas, além de desviar de asteróides... O jogo cativa instantaneamente e é viciante conduzir a nave pelas fases, e o jogo tem um ótimo desafio. Gostei muito deste aqui, clássico do Atari! Mas não podia faltar um jogo ruim: Star Wars: Jedi Arena segue uma curiosa premissa... imagine que as duas bolotas da imagem são cavaleiros jedi, e as hastes coloridas em cada lado são sabres de luz , tudo visto de cima. No meio da arena, tem outra bolota que solta raios se você apertar o botão de ação. O direcional serve para direcionar o sabre de luz, devendo ser apontado para os raios. O objetivo teórico do jogo é fazer com que os raios acertem o rival. Então a batalha entre os jedis se resume a rebater relâmpagos no adversário. Os problemas deste jogo começam quando a bolota do meio se move sem nenhum padrão e de forma arbitrária. Os raios que você atira também não seguem nenhuma direção... Então o jogo não chega a ligar nenhum. Pode ficar o tempo que quiser jogando, a batalha dos jedis não vai acabar. Esses ingredientes fazem com que Jedi Arena tenha a honra de ser o pior jogo de Star Wars que já joguei em meus 27 anos de vida. E também um dos piores jogos do Atari 2600 até o fechamento desta edição.


Star Wars Return of the Jedi: Death Star Battle além de ter o nome de jogo mais longo que eu já vi, é até o momento o melhor e mais interessante jogo de Star Wars que eu joguei no Atari. Nele controlamos a nave Millenium Falcon com o piloto Lando Calrisian de O Retorno do Jedi em uma batalha contra a Estrela da Morte, reproduzindo uma parte do final da trilogia original dos filmes de Star Wars. Jogo bem feito e muito recomendável para o Atari 2600. Spacemaster X-7 é outro jogo de tiro espacial no qual controlamos uma espécie de nave que lembra uma pulga e precisamos invadir o espaço de um campo de força e acertar o núcleo. A cada rodada essa tarefa fica mais difícil e intensa, e o jogo vicia rapido. Excelentes gráficos vetoriais e coloridos lembrando o ar futurista de Robotron 2084 embalam esse excelente jogo de tiro, que além do jeitão futurista tem ótimos controles. Um dos melhores da edição, sem dúvida. Strategy X é um jogo de tiro com visão aérea no qual controlamos um tanque de guerra, que está sempre avançando. É possível acelerar e direcionar para os lados, mas o veículo não freia. É difícil pegar a manha dos controles mas não é nada absurdamente difícil. Trata-se de um jogo simples, mas que diverte muito, tem uma pegada bastante arcade. Nunca tinha ouvido falar nele, me surpreendi positivamente, ótimo jogo da Konami. Stronghold é outro jogo de tiro, no qual controlamos uma nave que lembra um pouco o Q*bert, podendo atirar para cima, baixo e diagonais. Os inimigos são rápidos e a cada fase tem um chefe que deve ser abatido. Divertido e extremamente difícil. Recomendo!


Sem diminuir o ritmo dos disparos, o Atari 2600 nos traz Sub-Scan, título desconhecido da Sega no qual controlamos um navio que deve atingir submarinos no mar. É preciso acertar o tempo de cada tiro e acertar submarinos em sequência é muito satisfatório. Mais um bom jogo nessa edição. Subterranea é mais um (!!!) jogo de nave que me surpreendeu muito. No controle de uma nave muito parecida com uma X-Wing, começamos atirando em criaturas soltas por outra criatura maior. Ao vencer esta etapa, seguimos por uma passagem ao subterrâneo com mais um monte de criaturas para atirar. Esse jogo de tiro em progressão lateral lembra muito Defender, e os controles são ótimos. Mais um ótimo jogo desconhecido do Atari 2600! 

Super Cobra é - advinhem - mais um jogo de tiro, dessa vez no controle de um helicóptero em um cenário subterrâneo. A jogabilidade lembra muito Scramble da Konami, e apesar dos visuais básicos, o jogo tem uma riqueza rara no Atari. Mais uma joia escondida entre os muitos jogos de tiro neste console. Terminamos a edição em alto nível com Survival Run. É mais um jogo de tiro mas com uma diferença gigantesca para os outros títulos da época: trata-se de um rail shooter em primeira pessoa dentro de uma espécie de labirinto subterrâneo. Primeiramente, o visual chama muito a atenção para um jogo de Atari 2600: além de uma movimentação fluida, SR ainda conta com um mapa na tela. Escolher um caminho sem saída faz com que o jogador perca e seja lançado de volta ao início da fase. Survival Run é mais uma surpresa desta edição, que teve uma qualidade muito acima do que eu vinha esperando, apesar de quase tudo aqui ser jogo de tiro...


Mesmo sem mudar o gênero dos jogos, me diverti muito com os jogos desta edição. O Atari 2600 continua mostrando bons e divertidos jogos em seu catálogo, e já posso dizer que joguei mais bons jogos desse console do que eu esperava quando resolvi começar esta série de postagens da Jornada. Ainda faltam alguns jogos de 1983 para o Atari 2600 - que pretendo abordar na próxima edição antes de seguir para os títulos de 1984. Termino por aqui mais esta edição e ainda animado com esta Jornada Atari 2600.

Destaques: Star Trek: Strategic Operations Simulator, Star Wars Return of the Jedi: Death Star Battle, Spacemaster X-7, Strategy X, Sub-Scan, Subterranea, Super Cobra, Survival Run.
Piores momentos: Sorcerer, Space Canyon, Spike's Peak, Star Wars: Jedi Arena.


   

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