segunda-feira, 30 de maio de 2016

Análise 08 - Flicky [Arcade]

Infelizmente, esta não é minha garagem. :(
Um belo dia havia instalado o PS3 em casa e estava procurando algo para jogar com minha noiva, e como sei que ela é fã de longa data do Mega Drive, estávamos às voltas com o Sonic Genesis Ultimate Collection. Nós fomos escolhendo jogos que não conhecíamos, para poder jogar algo inédito, quando eu abri o Flicky de Mega Drive. Eu não conhecia o jogo, mas a Bruna o conhecia de infância quando jogava na casa dos primos, e logo ela estava jogando muitas fases e me ensinando como jogar. Desde esse dia agradável que tivemos juntos, tenho gostado muito deste título, e em minha pesquisa para postagens neste blog, descobri que aquele jogo é um port da versão fliperama, que data de 1984. 
Flyer do fliperama Flicky, na época de lançamento. A Sega ainda buscava uma identidade na indústria de jogos.

O elenco do jogo
O jogo é muito bonito e impressionante para o ano em que foi lançado, sendo a versão do Mega Drive a mais fiel ao fliperama. Os sons são típicos para a época, primitivos e com poucos canais. A musiquinha que toca em loop entre as fases é grudenta e em minha opinião um pouco enjoativa. Portanto, este jogo está longe de ser lembrado por seu áudio. E é aqui que chegamos ao fim dos pontos negativos do jogo e ao ponto principal da análise: a jogabilidade.



De início, os cenários são caseiros
...Indo até o espaço
Aqui controlamos um pássaro azul que não voa, o Flicky que dá nome ao jogo. O objetivo é resgatar vários filhotes de passarinhos amarelos em cada fase, os Chirps. Porém, isto deve ser feito saltando entre plataformas e evitando inimigos, sobretudo gatos domésticos (os Tigers) e lagartixas (os Iggys). Cada vez que resgatamos um dos passarinhos, ele passará a seguir o Flicky, formando uma fila que acompanha seus movimentos e saltos. Porém, a fila pode ser interrompida caso algum inimigo a corte, e caso atinjam o Flicky diretamente, perde-se uma vida. 
 



 
 



O pássaro azul não está indefeso, podendo jogar objetos do cenário em seus perseguidores. Basta andar até o objeto desejado e saltar que o Flicky vai arremessá-lo em direção aos inimigos, desde que o personagem esteja voltado na direção correta. Ao juntar todos os filhotes, é preciso procurar a saída da fase. A quantidade de passarinhos salvos mais o tempo levado definem a pontuação e inicialmente o jogo tem 48 fases, porém ao terminar surgem mais 48 com maior nível de dificuldade. Ao finalizar de novo, o jogo vai até a fase 256 sem mudanças notáveis, reiniciando a partir da primeira fase ao vencer todos. Que fique bem claro que eu descobri isto pesquisando, e não jogando até o final!

A versão de Mega Drive é uma ótima conversão do fliperama.
Trata-se de um jogo divertido e viciante, e os minutos voam quando se começa a jogá-lo. No começo, parece simples e raso, mas que tem nuances profundas e é um jogo enorme. Como todo bom fliperama clássico, Flicky é facílimo de jogar porém exige dedicação para ser destrinchado. Mais um excelente jogo da Sega na década de 80, mostrando ao mundo do que a gigante japonesa seria capaz mesmo antes de seu auge na época do Mega Drive. Recomendadíssimo! 






sábado, 28 de maio de 2016

Retrospectivas

É meio que uma tradição não escrita os blogs ou revistas de jogos terem retrospectivas. Quando o assunto é retro gaming, então, nem se fala. As retrospectivas neste blog têm inspiração direta de suas fontes. A primeira e mais antiga vem de 1999, quando eu folheava a Nintendo World nº 13 e deparei com uma retrospectiva dos melhores jogos da Nintendo até aquela época, de acordo com a votação dos colunistas.

Desde então eu sempre bolava na cabeça algumas dessas compilações, de acordo com meus gostos e consoles de preferência. A segunda e mais recente fonte de inspiração vem dos memes que vários blogs de retro gaming e videogames em geral vinham fazendo há alguns anos: a retrospectiva de títulos jogados em cada ano. Aqui neste blog eu tenho escrito à vontade sobre minhas próprias listas e naturalmente que as postagens nesta linha teriam de ser catalogadas, e até o momento, classifico-as simplesmente como "Retrospectivas" neste post.


Retrospectiva 01 - O que joguei em 2013
Retrospectiva 02 - O que joguei em 2015
Retrospectiva 03 - O que joguei em 2016
Retrospectiva 04 - Álbuns de Heavy Metal dos Anos 1980 que Você Precisa Conhecer
Retrospectiva 05 - 16 Jogos de Android para Jogadores das Antigas
Retrospectiva 06 - Blogs de Retro Gaming que você precisa conhecer
Retrospectiva 07 - O que joguei em 2017

 

 

Análises

Aqui estão organizadas as análises dos jogos que venho escrevendo aqui no blog. Minha intenção com elas é curar e documentar informações sobre esses títulos junto à minha opinião pessoal e experiência com eles. Como a maioria desses jogos é mais antiga que eu mesmo (nasci em 1990), tem sido uma viagem reveladora conhecer e jogar esses jogos para a confecção destes textos. Reparem que eu não atribuo notas aos jogos, porque mais do que a questão técnica de cada título, o fator nostalgia tem um grande peso. Por isso eu acredito que esses jogos antigos não devem ser qualificados por notas. Eu apenas falo de minha opinião pessoal ao jogar. Tenho me divertido muito, e espero que este blog venha a ser um registro completo e intimista da evolução dos jogos de videogame de que tanto gosto. Será que consigo chegar até as gerações mais modernas seguindo uma ordem cronológica? Creio que só o tempo dirá. Enquanto isso, vamos nos divertindo. Seguem os links para cada análise. As análises sem link ainda estão agendadas por vir.

Análise 01: Super Mario Bros. [NES]
Análise 02: The Legend of Zelda [NES]
Análise 03: Defender [Arcade]
Análise 04: Pac-man [Arcade]
Análise 05: Enduro [Atari 2600]
Análise 06: Space Invaders [Arcade]
Análise 07: Sindbad Mystery [ Sega SG-1000]
Análise 08: Flicky [Arcade Sega]
Análise 09: Donkey Kong [Arcade Nintendo]
Análise 10: Donkey Kong Jr [NES]
Análise 11: Donkey Kong 3 [NES]
Análise 12: Alex Kidd in Miracle World [Sega Master System]
Análise 13: Adventure [Atari 2600]
Análise 14: Ultima [PC]
Análise 15: Asteroids [Arcade]
Análise 16: Galaxian [Arcade]
Análise 17: Scramble [Arcade]
Análise 18: Tempest [Arcade]
Análise 19: Zaxxon [Arcade]
Análise 20: River Raid [Atari 2600]
Análise 21: Pong [Arcade]
Análise 22: Boot Hill [Arcade]
Análise 22: Breakout [Atari 2600]
Análise 24: Pitfall [Atari 2600]
Análise 25: Q*bert [Arcade]
Análise 26: Frogger [Arcade]
Análise 27: Frostbite [Atari 2600]
Análise 28: Keystone Kapers [Atari 2600]
Análise 29: H.E.R.O. [Atari 2600]
Análise 30: Pitall II: The lost Caverns [Atari 2600]
Análise 31: Moon Patrol [Arcade]
Análise 32: Centipede [Arcade]
Análise 33: Millipede [Arcade]
Análise 34: Robotron 2084 [Arcade]
Análise 35: Galaga [Arcade]
Análise 36: Wizardry I [PC]
Análise 37: Jump Bug [Arcade]
Análise 38: Joust [Arcade]
Análise 39: Mario Bros. [Arcade]
Análise 40: Lode Runner [Arcade]
Análise 41: Kung-Fu Master [Arcade]
Análise 42: Karateka [PC]
Análise 43: Punch-Out! [Arcade]
Análise 44: Pole Position I+ II [Arcade]
Análise 45: Dig-Dug [Arcade]
Análise 46: Ms. Pac-man [Arcade] 
Análise 47: Mappy [Arcade] 
Análise 48: Bubbles [Arcade]
Análise 49: Spy Hunter [Arcade]
Análise 50: Root Beer Tapper [Arcade]
Análise 51: Paper Boy [Arcade]
Análise 52: Marble Madness [Arcade]
Análise 53: Rally-X [Arcade]
Análise 54: Bosconian [Arcace]
Análise 55: Ultima II [PC]
Análise 56: Blaster [Arcade]
Análise 57: Sinistar [Arcade]
Análise 58: Xevious [Arcade]
Análise 59: Vulgus [Arcade]
Análise 60: Son Son [Arcade]
Análise 61: Gradius [Arcade]
Análise 62: Sky Kid [Arcade]  
Análise 63: Super Pac-man  [Arcade]
Análise 66: Pac-land [Arcade]
Análise 67: Gauntlet [Arcade]
Análise 68: Fantasy Zone [Arcade]
Análise 69: Space Harrier [Arcade]
Análise 70: Excitebike [NES] - em breve
Análise 71: Ice Climber [NES] - em breve
Análise 72: Rolling Thunder [Arcade] - em breve

Análise 07 - Sindbad Mystery [Sega SG1000]

Este post é especial neste blog pois marca a primeira publicação feita especificamente para analisar um jogo de consoles da Sega. Lançado em 1983 para o Sega-SG1000, o jogo Sindbad Mystery é desconhecido de muitos, pois não envolveu um mascote famoso nem tampouco produziu inúmeras sequências como outros jogos da Sega. Trata-se de um título humilde, um clone de Pac-man com suas características próprias, para uma plataforma raramente lembrada. O SG-1000 é o primeiro console de mesa da Sega, sendo contemporâneo do Atari 2600 e do Intellivision. Embora não tenha sido tão popular, seus jogos tinham avanços gráficos únicos para sua época, e em geral os jogos de Atari que recebiam versões para o SEGA-SG1000 apresentavam-se superiores no console da Sega.




Mesmo sendo mais um entre vários clones de Pac-man, Sindbad Mystery consegue se destacar com seus gráficos interessantes e jogabilidade intuitiva. O objetivo do jogador é fugir de espectros e coletar pontos de interrogação pelos cenários, e a cada ponto coletado, um mapa vai sendo revelado na tela. Após completar o mapa, Sindbad precisa sair da fase coletando um artefato maior, porém precisa fazer isto enquanto foge de uma caveira gigante, que persegue o personagem de modo implacável. Algumas coisas se destacam nos labirintos que Sindbad explora, sendo digno de nota o uso de pedras para esmagar os inimigos. 
Um grande ponto forte do visual são os níveis de profundidade, muito bonitos para a época e semelhantes aos famosos quadros de Escher, que apresentavam uma perspectiva tridimensional em imagens bidimensionais. Bom, eu pelo menos achei que o método de perspectiva lembra essas obras, que o leitor pode conferir abaixo. Isso traz um nível de profundidade ausente no próprio Pac-man original e outros clones, exigindo mais estratégia na movimentação do que reflexos do jogador. A estética do jogo apresenta cenários inspirados em arquitetura arábica e hindu, gerando um bonito contraste com os cenários. 


Os efeitos sonoros são típicos da época e muito simples e a música do jogo é bastante fraca e fica irritante muito rapidamente. Por isso, recomendo trazer seu álbum favorito para a jogatina.
E no final das contas, o jogo é bom? Comparado com Pac-man, Sindbad Mystery fica bem atrás. Não chega a ser tão divertido e envolvente quanto seu inspirador. Mesmo assim, o jogo diverte e é um bom desafio. Isto aliado ao estilo visual único e premissa que nunca envelhece, faz deste um jogo que vale a pena conhecer e jogar. Embora tenha jogado pelo emulador Kega Fusion, fiquei extremamente agradado com a experiência de conhecer um dos jogos do primeiríssimo console da Sega, o notável SG1000.


terça-feira, 17 de maio de 2016

Análise 06 - Space Invaders [Arcade]



Gabinete de Space Invaders
Lançado pela primeira vez para fliperamas em 1978, a criação de Tomohiro Nishikado é um jogo de tiro que iniciaria o gênero conhecido hoje em dia como shoot'em up. Foi um fenômeno cultural no mundo todo e até hoje é visto como um dos símbolos do que é um videogame. Pode-se dizer que os sprites dos invasores espaciais são quase tão famosos e marcantes como Pac-man, sendo instantaneamente reconhecidos por qualquer um que seja remotamente interessado em jogos eletrônicos.

O jogo se passa em uma tela única, na qual controlamos um canhão que deve ser manobrado horizontalmente, atirando nos alienígenas. Cada alien destruído dá um número variável de pontos ao jogador, e eventualmente algum OVNI passa pelo topo da tela. Eles são rápidos, estão lá no alto e são muito difíceis de atingir. Portanto, ouvir aquele som clássico das naves misteriosas sendo destruídas é muito satisfatório. 


Os pixels de Space Invaders são facilmente reconhecidos em qualquer lugar.
Inclusive nos emojis do WhatsApp.
Os gráficos são baseados em pixels extremamente simples, mas que de certo modo, ou por seu charme, ou pelo legado que este título trouxe, são daqueles pixels reconhecidos instantaneamente e de longe, mesmo por jogadores que não vivenciaram seu lançamento. Os sons são muito simples e a aproximação dos invasores soa como aquele som grave do filme jaws, aumentando de ritmo conforme os aliens são destruídos. Os invasores do espaço aumentam de velocidade conforme são abatidos, gerando um aumento na dificuldade conforme a partida progride. O aumento de velocidade em conjunto com o áudio contribuem para gerar tensão no jogador, exigindo sangue frio do jogador.

Sistema de pontuações do jogo
O legado deste jogo pode ser ilustrado de muitas formas. Lendas de game design como Shigeru Miyamoto e Hideo Kojima já expressaram antes sua admiração por Space Invaders, sendo o jogo que inspirou essas pessoas a criarem suas obras (que ajudaram a moldar e definir toda uma indústria de jogos). Porém, o fato mais importante é que o fliperama de Space Invaders causou tanto impacto que fez com que as máquinas de fliperama/arcade deixassem de ficar apenas em locais obscuros como bares e pubs para atingir um maior público em restaurantes e outros espaços mais "familia". Foi também responsável por salvar a indústria de videogames de seu primeiro crash em 1977, quando o mercado estava saturado de clones do pioneiríssimo Pong. Não preciso também me prolongar quanto ao fato de que Space Invaders recebeu adaptações e sequências para provavelmente todos os consoles já lançados.
 
Mas no fim das contas, essse jogo é divertido ou tem "apenas" importância histórica? Bom, para escrever este texto eu joguei a versão arcade pelo MAME no PC usando um controle USB. E sem dúvidas eu me diverti muito no processo, mesmo que tenha sido feito em jogatinas curtas. O jogo é extremamente divertido, fácil de começar a jogar e difícil de largar. Space Invaders sofre da síndrome de "só mais uma fase" que só os melhores jogos apresentam.  Se quiser entrar mesmo no clima do jogo, recomendo jogar ouvindo o primeiro álbum do Van Halen, ainda da época do David Lee Roth. Ou algum outro grande músico ou banda da época, para entrar no clima de vez, como eu sempre recomendo fazer com esses jogos muito antigos. Space Invaders é um jogo excelente e absurdamente divertido, simplesmente não envelhece. Os invasores do espaço sem dúvida vieram para ficar. 


sábado, 7 de maio de 2016

Virtual Atari: Jogue todos os jogos de Atari 2600 em seu navegador

H.E.R.O.: um dos grandes clássicos da época
O Atari 2600 é o console que popularizou o uso de cartuchos em um sistema de videogame, aprimorando a tecnologia usada ainda em 1976 em um console chamado Fairchild Channel F. Lançado em 1977 nos EUA, e somente em 1983 no Brasil, o Atari 2600 adquiriu grande popularidade com jogos até então inéditos na época e seu controle que simulava uma alavanca de fliperama. Embora tenha tido um declínio tenebroso em 1983 com títulos igualmente obtusos como um port terrível de Pac-man e o famoso jogo do E.T., o Atari 2600 brilhou forte durante seu auge, iniciando toda a indústria de jogos como conhecemos hoje, sendo lar para jogos inesquecíveis - principalmente os clássicos feitos pela Activision.


Há tempos estou atrás de um Atari 2600. Especificamente aquele modelo clássico com o acabamento em madeira, que há décadas já não é mais fabricado. Até o momento não pude comprá-lo porque os preços praticados por aqui em terras tupiniquins são exorbitantes e em minha opinião não refletem o valor do console, ainda mais considerando que em geral os aparelhos não vêm em um bom estado de conservação.
Sempre achei este acabamento de madeira sensacional... Foto: cortesia do google :)

Resmungos à parte, tenho suprido minha vontade de conhecer os clássicos da época por meio das coleções Atari Anthology e Activision Anthology do PS2, além dos emuladores. Esta última alternativa me surpreendeu negativamente por ser bastante primitiva e com muitos erros na velocidade dos jogos. Esta dificuldade que tive em rodar jogos de Atari em um notebook atual me levou a conhecer o site do qual falo nesta postagem, o Virtual Atari.

Esta iniciativa, segundo os criadores do site, é um trabalho feito de fã para fã, sendo um registro notável da primeira era de ouro dos jogos eletrônicos. Todos os jogos de Atari 2600 estão disponíveis com suas respectivas capas, e o acesso a eles é extremamente simples, ágil e intuitivo. A interface é eficiente, com direito a ícones que imitam as antigas chaves do Atari 2600, com funções de reset e ajuste do nível de dificuldade, além de opções para imagens coloridas ou em preto e branco.

A interface dos jogos é organizada de forma alfabética e exibida por meio de fotos das capas originais.

Jogando Snoopy and the Red Baron pelo Virtual Atari
Os controles são pelo teclado e funcionaram surpreendentemente bem. Muitos dos jogos do Atari 2600 são simples de começar a jogar e difíceis de parar, então várias vezes me esqueci de que estava jogando em um teclado. Creio que por meio de um programa mapeador de teclas seja possível configurar um controle USB, porém não cheguei a fazer esta tentativa. Caso eu consiga fazer isto, atualizarei este post. Para quem não viveu os anos 1980 este site é valioso por conter revelações incríveis em relação aos videogames, além de diversão pura e simples. É nada menos do que um Atari 2600 virtual e com acesso a todos os jogos lançados, então o site já é incrível por definição. 




Por isso acredito que este site tem um valor incalculável, pois muito mais do que o valor dos jogos, o valor da diversão está aqui e isto não pode ser calculado em números. Isto é a História dos videogames, curada, organizada e disponibilizada para quem quiser conhecer e se divertir. É a chance daquela criança interna em cada um dos mais velhinhos curtir esses jogos tão divertidos. E também para os mais novos conhecerem o que perderam e de onde vieram inspirações para nossos jogos favoritos de hoje. Acima de tudo, a possibilidade de se divertir de forma descompromissada. O link para esta maravilha histórica pode ser acessado aqui.



segunda-feira, 2 de maio de 2016

Análise 05 - Enduro [Atari 2600]


As capas do Atari... Sempre lindas.
Este jogo foi lançado em 1983, mesmo ano de lançamento do álbum Piece of Mind do Iron Maiden. Eu fico imaginando a sensação ao ligar este jogo na época de lançamento, com o disco da banda britânica tocando ao fundo e dando o ritmo para um jogo de corrida que, mesmo comparado com jogos mais recentes, curiosamente continua divertido e instigante. Lançado pela Activision (provavelmente a melhor softhouse da primeira metade dos anos 80), não foi o pioneiro em jogos de corrida, mas é marcante por uma série de motivos. E é isto que desenvolveremos neste texto.


A premissa consiste em provas de corrida que ocorrem ao longo de um dia. Para progredir, o jogador precisa vencer um dia de provas ultrapassando todos os carros da pista e chegando em primeiro lugar. Cada fase inicia com a alvorada e termina com o cair da noite. Aqui começa a peculiaridade deste jogo que atingiu o status de clássico ainda em seu lançamento: conforme o dia passa, a paisagem da corrida muda, passando por neve, neblina, até um belo pôr do sol que faz uso admirável da paleta de cores do Atari 2600, criando um visual único e com senso de progressão, algo raro em jogos daquele tempo. Enduro foi mesmo à frente de seu tempo.

Início de fase
O jogo lança mão de um efeito visual de scrolling vertical com efeito de perspectiva, criando, além de uma sensação de velocidade muito legal, a sensação de profundidade e aproximação dos carros conforme aceleramos. Isto junto às mudanças de efeitos visuais dos planos de fundo, passa uma sensação de progressão única para a época, gerando um padrão que viria a ser seguido e aprimorado por jogos de corrida mais modernos em hardwares mais avançados nos anos seguintes. Outros detalhes como o giro dos pneus de acordo com a velocidade e aceleração do veículo contribuem muito para a imersão. As cenas e neblina também merecem destaque, pois os sprites dos carros adversários são substituídos por dois retângulos vermelhos em meio ao fundo cinza, indicando as luzes de freio. A descrição e até as fotos talvez não pareçam impressionar, porém a cena em movimento é muito interessante. E eu diria até impressionante em alguns momentos, levando em conta a época e o hardware em que foi lançado.
Embora simples, o jogo demonstra bem as mudanças de terreno.

Os controles respondem muito bem, sendo a alavanca do controle usada para manobrar o carro e o botão de ação para aceleração. Para realizar ultrapassagens, é preciso dominar o tempo certo de acelerar e reduzir a velocidade, pois ao bater em outros carros, fica praticamente impossível chegar em primeiro lugar. Este jogo, assim como a maioria dos jogos de gerações antigas, requer dedicação do jogador, e ao mesmo tempo consegue ser incrivelmente divertido. O áudio segue a cartilha da época, devido às limitações do chip de som do Atari. Em minha opinião, assim como outros jogos dessa época, vale jogar enquanto ouve seus álbuns favoritos. O que nestes jogos mais antigos, vou contar como grande ponto positivo.

O lindo pôr do sol...

A jogatina de Enduro é uma revelação. Eu esperava que não fosse gostar muito do jogo, porém ocorre que dentre os poucos títulos do Atari 2600 que joguei, este é até o momento desta análise, o meu favorito. É uma jogabilidade tão sólida, que até a metade dos anos 1990 a maioria dos jogos de corrida seguiria ainda as bases alçadas por Enduro. Um jogo de corrida verdadeiramente divertido e memorável. Clássico!