sexta-feira, 28 de abril de 2017

Análise 57: Sinistar [Arcade]



Ainda no clima das postagens da Jornada Atari 2600, na qual estou jogando os jogos lançados em 1983 para Atari 2600, joguei recentemente outro jogo de arcade dessa época: Sinistar. Em 1983 a Williams Electronics lançava Sinistar para os fliperamas/arcades. Para ser bem sincero, fui saber da existência de Sinistar somente ano passado em 2016 por causa daquela maravilhosa coletânea de PS2 chamada vocês-sabem-o-nome que eu vivo jogando e usando para análises aqui no blog. Nunca vi uma máquina de Sinistar na minha frente - e para ser ainda mais sincero, nunca vi pessoalmente uma máquina de arcade dos jogos analisados aqui no blog. Mas tive o privilégio de poder jogar tais jogos, assim como tive o privilégio de jogar Sinistar.



Trata-se de um shooter multidirecional aos moldes de Bosconian, porém com uma estrutura de fato bem diferente. Não é apenas sobre reflexos, mas Sinistar é sobre paciência. Sim, meus caros, paciência. Nas minhas primeiras rodadas jogando, obviamente sem ler instruções sobre o jogo,saí espalhando tiros pelo espaço, desviando de fogo inimigo, até que eventualmente uma enorme cabeça em forma de caveira engolia e explodia minha nave. E assim sucessivamente até o game over. Imaginei que se eu fosse mais esperto, poderia evitar o ataque, mas não. era sempre uma questão de tempo até a caveira me pegar e eu não podia fugir. E conforme a caveira me chamava de covarde com uma voz digitalizada muito interessante - lembrando muito Bosconian - o jogo pedia minhas iniciais para registrar a pontuação.

 

Depois de digitar covardemente algumas iniciais, eu resolvi dar uma lida na premissa do jogo e tentar entender seus detalhes, pois não era possível que um jogo "high profile" da Midway fosse tão frustrante. Devia haver uma forma de lutar contra a caveira gigante - ou melhor, lutar contra Sinistar. E realmente é esse o foco do jogo. Aqui, controlamos uma nave em uma espécie de ataque individual em zonas diferentes. Pelo cenário estão espalhados asteróides/planetóides no qual podemos atirar - e de fato no início eu desisti de atirar neles, pois eles não explodiam facilmente. Pois bem, atirando o suficiente eles liberam umas "bolinhas" brancas que o jogo chama de cristais. Esses cristais formam as "Sinibombs", que a partir daqui vou chamar de bombas sinistras. O jogador precisa formar essas bombas antes que a caveirona ataque, e então buscar destruí-la usando as bombas antes que ela fique completa. E eu sei que já vi isso antes em Star Wars: Uma Nova Esperança.


É preciso agilidade para juntar as bombas, e os inimigos podem até roubar cristais de sua nave, impedindo que a estação bélica/caveira sinistra seja destruída. Os gráficos têm um estilo pixelizado, mas alguns efeitos de explosões são vetoriais, como em Defender. Os sons são impressionantes para o ano de lançamento, com voz digitalizada de Sinistar - creditada a um famoso radialista norte-americano da época chamado John Doremus - sempre provocando o jogador: "Beware, I live"; "Run, Coward!"; entre outras. Os sons das explosões colocam o jogo no clima certo, sendo este creditado como o primeiro título a usar som stereo.

 

Os controles são ágeis e respondem maravilhosamente, movimentando a nave em oito direções. Paciência e agilidade devem ser dosadas nesse jogo, pois se tentarmos destruir um planetóide rápido demais, ele explode sem deixar cristais para o jogador. Os inimigos também não dão trégua, e como eu disse antes, podem roubar cristais preciosos do jogador. Assim, concluo esta análise dizendo que Sinistar é um jogo sobre paciência, ritmo e agilidade - ou seja, sobre o timing correto das coisas. Infelizmente este jogo não ficou tão famoso quanto outros petardos da época. Talvez seja reflexo da crise dos videogames de 1983 (assunto do qual eventualmente discorrerei no futuro), porém mesmo assim este jogo poderia e deveria ser mais conhecido pelos jogadores. Desafiante e divertido ao extremo, Sinistar dá um aviso claro a quem jogá-lo hoje em dia: "Cuidado, eu vivo". 


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