O final da década de 1970 foi marcado por jogos de tiro em naves e arcades. Em títulos como Space Invaders, Asteriods, Galaxian, Pong, Breakout, Pac-man entre outros da época, embora houvesse um objetivo ou motivo para a jogatina, o foco principal era realmente a pontuação em jogadas rápidas, com um aspecto mais voltado para o jogo competitivo. Essa característica funcionou muito bem e consolidou os videogames como uma nova forma de entretenimento de qualidade.
Com o tempo, as ideias dos desenvolvedores foram se aprimorando em conceitos cada vez mais diferentes nos jogos, e os estúdios da Activision se destacaram muito no início dos anos 1980 com jogos de esporte e ação para o Atari 2600. Esses jogos estão entre os melhores do console e espero um dia poder escrever melhor sobre este momento dos jogos eletrônicos. Hoje, vou me deter na análise de Pitfall! de Atari 2600, no que espero que seja um prólogo para uma matéria maior abordando o impacto e legado do Atari 2600 sobre os consoles domésticos.
Não li fontes oficiais sobre a influência de indiana Jones sobre Pitfall!, porém é difícil não associar as duas obras da mesma época. |
Pitfall! foi desenvolvido por David Crane e lançado em 1982 para Atari 2600, e nele o jogador assume o controle do personagem Pitfall Harry em uma selva
com o objetivo de caçar tesouros, de forma semelhante ao filme Indiana
Jones de 1981. Neste jogo, o personagem deve avançar em uma selva bidimensional para a direita. O direcional controla o personagem para os lados e o botão de ação faz os saltos, que por sua vez podem ser controlados com o direcional. Pelo caminho, Pitafll encontrará escorpiões, cobras, crocodilos, além de buracos, areia movediça... O personagem perde uma vida ao tocar um desses obstáculos, tendo à disposição 3 vidas (o equivalente virtual a fichas). Não é possível atacar os inimigos, e o objetivo é primariamente seguir em frente evitando perder as vidas.
A jogabilidade básica explicada no manual de instruções |
Com o planejamento certo é possível atravessar lagoas usando os crocodilos |
Durante o percurso, o jogador pode acumular pontos ao encontrar tesouros no caminho, e pode perder pontos ao cair em buracos ou ser atingido por troncos de árvore que rolam pelo caminho. Para evitar os inimigos, é possível pular por cima deles. O ponto alto do jogo, porém, são as ocasiões o perigo é evitado usando-se um cipó para balançar, a exemplo de Tarzan, dos livros de Edgar Rice Burroughs - inclusive o personagem faz um som que lembra o grito do Tarzan ao se balançar, contribuindo para uma interessante mistura entre Indiana Jones e Tarzan. É possível também usar as cabeças dos crocodilos como ponte em alguns momentos, desde que o jogador perceba o tempo que suas bocas ficam fechadas.
Pitfall é uma espécie de mistura entre Indiana Jones e Tarzan que deu muito certo. |
O sistema de pontuações também é muito interessante, pois aqui perdem-se pontos com erros não letais, e a pontuação depende dos tesouros coletados e do tempo para zerar o jogo. Que, aliás, o jogador tem 20 minutos para vencer a aventura. Os visuais são avançados para o Atari 2600 e os perigos da selva estão muito bem retratados e os movimentos do personagem são muito bons. O áudio se destaca pelas sessões com cipós, e há uma pequena melodia sinistra quando o jogador perde uma vida. Este título é cheio de personalidade, foi muito bem recebido na época de lançamento e é até hoje lembrado como um dos pontos altos do Atari 2600. Não apenas importante historicamente, este jogo é muito divertido, sendo considerado o precursor dos jogos de plataforma 2-D, embora não tenha efeito de side-scrolling.
Os manuais de antigamente carregavam todo um tom pessoal dos desenvolvedores. Aqui, o grande David Crane compartilha algumas dicas para vencer em Pitfall! |
Obstáculos realmente não faltam. |
Pitfall! não é apenas um bom jogo, é um daqueles títulos obrigatórios para qualquer tipo de jogador, e até este momento, não joguei um jogo tão envolvente para Atari 2600 - River Raid foi o que chegou mais perto - e até aqui é meu favorito no sistema. É um jogo desafiador e com um bom nível de dificuldade e excelentes controles. Recomendo muito a jogatina, pois além de divertido e em alguns momentos viciante, Pitfall! trouxe uma série de inovações que definiram boa parte dos jogos de plataforma e ação.
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