sábado, 18 de março de 2017

Análise 52 - Marble Madness [Arcade]

  Após postagens esparsas nestas últimas semanas - até aqui neste mês de março, apenas uma análise e uma edição da Jornada Atari 2600 - volto a buscar uma maior regularidade em postagens. Meu primeiro contato com Marble Madness foi em uma das edições da excelente revista Old!Gamer da editora Europa, na qual mostrava uma propaganda retrô do Marble Madness. Achei bastante curiosa aquela imagem de uma bola de gude em um cenário cheio de rampas, desníveis e obstáculos, e de fato eu não sabia que existiam jogos antigos assim. Achava que isto era uma espécie de invenção moderna em aparelhos com giroscópio - como smartphones e o Nintendo Wii. Aquela imagem ficou gravada em minha memória. Com o tempo, eu inventei de começar a fazer análises de jogos, e a princípio eu faria apenas começando pelo Nintendinho. Mas aí eu acabei fazendo aquela análise sobre Defender dos fliperamas e resolvi que seguiria mai ou menos uma ordem de evolução dos jogos, a tal ponto que falei até sobre Pong nessas linhas. Ultimamente o Midway Arcade Treasures não sai do meu PS2, que por sua vez não sai da sala. Quando tenho algum raro tempo livre vou lá para checar os clássicos do fliperama de antigamente. Em uma dessas fuçadas, deparei com este excelente jogo, o qual resolvi compartilhar com quem quer que esteja lendo.

O bonito gabinete de Marble Madness




Marble Madness foi projetado por Mark Cerny - nome de peso na indústria dos videogames com um currículo impressionante, notório por ser o arquiteto chefe do desenvolvimento do PlayStation 4, entre outros feitos - e publicado pela Atari, que o lançou para os fliperamas em 1984. Trata-se de um jogo de plataforma com visão isométrica (aos moldes de Zaxxon, por exemplo) no qual controlamos uma bola de gude até uma linha de chegada. O jogador controla a bolinha por meio de uma trackball na versão original (mas nesta análise usei a alavanca do Dual Shock 2 sem nenhum problema), navegando por seis fases cheias de obstáculos, atalhos e inimigos. Existe um tempo limite para cada fase, portanto é fundamental memorizar os obstáculos de cada fase.



O visual isométrico passa uma ótima impressão de perspectiva, com um efeito pseudo 3D que funciona muito bem. Trata-se de um jogo muito bem feito, porque nunca o jogador vai confundir a distância que deve percorrer. A movimentação dos inimigos e a física da bolinha em movimento são cheios de detalhes e nuances, simulando o comportamento de uma bolinha de gude real. Ou seja, se tentar cortar caminho pulando uma rampa pela lateral, a bolinha vai estourar em pedaços ao chegar no chão. Ao trombar com inimigos, a trajetória vai mudar, e se estiver indo muito rápido, será mais difícil fazer as curvas. A física do jogo é exemplar e chega a ser chocante o fato de ter saído em 1984. Os percursos além dos inimigos, têm engenhocas que podem ajudar ou atrapalhar a bolinha. O cenário em si é um show à parte, pois tem um estilo baseado nas pinturas de Maurits Cornelis Escher, o qual já citei aqui ao falar de Sindbad Mystery do SG-1000. Esse estilo contrinui para impressionar o jogador, fazendo você coçar a cabeça quando acontecer de a bolinha descer uma rampa e estar um nível acima de onde estava. Duvida? Tente olhar atentamente para as pilastras do quadro ao lado, e diga se não é impressionante.




O som ambiente é de muita qualidade. A primeira fase tem uma música calma, a segunda já tem um estilo mais aventureiro, e a terceira começa a apresentar notas dissonantes e até acordes diminutos, gerando um clima obscuro. É também um dos primeiros jogos a usar som stereo de verdade. Não bastassem os visuais e os sons criarem uma ambientação soturna, os controles da bolinha obedecem a lei da inércia, o que significa que se você estiver pressionado pelo tempo limite da fase, um caminho sem parapeitos - que é muito comum no jogo - vai haver suspense, dada a alta possibilidade de queda. O jogo pressiona quem se atreve a conhecer as loucuras de uma bola de gude como sugere o título, e o tempo todo você estará atento e completamente envolvido. Excelente ponto positivo para este título. A premissa de Marble Madness parece básica a princípio mas esconde um level design maravilhoso e uma impressionante ambientação. Até hoje não joguei nada parecido com Marble Madness, que tem todos os elementos de um clássico: divertido, envolvente e inesquecível.


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