sábado, 18 de fevereiro de 2017

Jornada Atari 2600 Edição 10: Entre Tiros, Comunistas do Espaço e Tesouros

Firmes e fortes, as postagens da série Jornada Atari 2600 têm desbravado a biblioteca deste console tão popular e importante para os videogames. A empreitada de jogar todos os jogos do velho Atari, apesar de ter momentos ultra bizarros - como veremos a seguir - está se saindo muito mais divertida do que eu esperava... Ainda estamos em 1982, e há muitos jogos desse ano ainda por serem desbravados. Logo na sequência da lista começou a bizarrice. Cathouse Blues é mais um jogo pornográfico... Sério, eu queria entender qual a graça desses jogos, o que os caras estavam pensando quando se deram ao trabalho de programar essas coisas? Enfim... Challenge of Nexar veio em seguida, um shooter espacial (que novidade!) com um estilo que lembra um pouco Tempest, mas em primeira pessoa. É cheio de cores piscantes que podem induzir a uma crise convulsiva, porém lento e frustrante não pelo desafio, mas por ser travadão mesmo.

Chopper Command você controla um helicóptero em um shooter com scroll lateral estilo Scramble, devendo proteger comboios de caminhões das tropas aéreas inimigas. Jogo extremamente caprichado e divertido, tem até um inovador - para a época - mapa na parte de baixo da tela, mostrando sua localização e a dos inimigos. Simplesmente sensacional, um dos melhores que tive o prazer de jogar nesta Jornada Atari 2600.




Coconuts é um joguinho beeeem sem graça no qual desviamos de côcos jogados por um macaco. Ele fica difícil rapidamente, mas enjoa absurdamente rápido. O mérito dele é que visualmente é muito bonito para um jogo de Atari 2600, fiquei até surpreso quando joguei. Fora isto, não é muito mais o que comentar sobre ele. Commando Raid é um clone de Space Invaders - para variar - no qual também controlamos um canhão e devemos impedir que soldados paraquedistas cheguem ao canhão. Divertida variação de uma proposta de jogo usada à exaustão nessa época, vale a pena conferir apesar do clichê.

No alto da tela, Marx produz perigosos comunistas em massa
Communist Mutants from Space é mais um clone dos invasores espaciais (!!!!!) mas muito mais rápido, e com esse título, é um forte concorrente a jogo do ano - ou pelo menos um dos top 10 da década de 1980. Afinal, poucas coisas podem ser melhores do que explodir comunistas mutantes espaciais no estilo Space Invaders. Por mais bizarro que pareça, esse joguinho me cativou muito, recomendo fortemente.







Jogo do ano, sem dúvida.

Depois de me obrigar a parar de jogar esse sensacional clone de Space Invaders, fui para o Cosmic Ark, que é de longe um dos jogos mais surreais que já vi, até para os padrões do Atari 2600. Nele, você controla uma enorme nave, a "arca cósmica", e deve protegê-la de asteroides em uma sessão de teste de reflexos para seus tiros. Depois disso, é preciso invadir um planeta e realizar abduções alienígenas, porém rapidamente antes que meteoros atinjam a arca. A trama não é menos doida, e é tão viajada que resolvi transcrever aqui o manual. E no meio dessa doideira há um jogo bastante divertido, mais um que vale a pena conhecer e se surpreender.  

No manual temos uma boa justificativa  para
realizar abduções alienígenas em Cosmic Ark
Cosmic Creeps é um jogo de tiro meio diferentão, em que usamos uma nave para atirar bombas em alienígenas antes que eles alcancem a nave. Os tiros são lentos, mas é divertido tentar sacar o ritmo certo para atirar. Porém acho que ele podia ser um pouco mais difícil. Mantendo a pegada cósmica, fui para Cosmic Swarm, que é um clone de Centipede, mas que na minha opinião ficou lento demais e perdeu a diversão do estilo original. Crypts of Chaos talvez seja rústico demais para meu gosto, é uma espécie de Dungeon Crawler, lembrando Wizardry, mas sem traços de RPG. Não curti. Cubicolor é um puzzle bem envolvente que me segurou um bom tempo. É preciso combinar as cores do cubo de acordo com o que o jogo mostra.

Dancing Plate tem uma proposta fora do convencional: controlamos uma mocinha que deve manter os pratos girando sobre estacas. Parece meio tosco, mas é um jogo difícil e fica frenético bem rápido. É simples, divertido e simpático, como esperamos dos jogos de Atari 2600. Não vou me estender muito sobre Deadly Duck, que é mais um clone de Space Invaders, porém no qual você controla um pato que deve atirar cuspe em insetos. Esquisitão, mas divertido. Olha, vou ser bem sincero. Quem gostava de Space Invaders estava com sorte em 1982, porque a quantidade de jogos que usam esse estilo em diversas variações impressiona. O que nos leva a Demon Attack, que é mais um shooter, porém traz vários detalhes próprios que ajudam a evoluir os jogos de tiro no Atari. Nele, atiramos em gárgulas/demônios/monstros/coisas com movimentos rápidos e padrões de posição bem diferentes e mais difíceis de prever que os outros jogos de tiro da época. Se você gosta de Galaga, Centipede e companhia, jogue ainda hoje. Demon Attack é um dos jogos que mais gostei no Atari 2600.

Donkey Kong é bem inferior ao original de Arcade mas ainda assim é surpreendente no Atari. Apesar das perdas óbvias, ver esse jogo funcionar no 2600 é muito legal. Eu gostei. Lembrança de um tempo inimaginável hoje em dia, com a Nintendo lançando seus jogos para outros consoles. Dragonfire é mais uma pérola desta edição: nele, você controla um rapaz que deve recuperar tesouros guardados por dragões. A ação alterna entre visão lateral - nos momentos de desviar das chamas lançadas pelo dragão sobre uma ponte, e visão aérea - na hora de roubar os tesouros. É um jogo absurdamente divertido e ainda não vi nada parecido no Atari 2600. Gostei muito deste aqui.
Surpresa total no 2600, Dragonstomper não faz feio.
Dragonstomper é - vejam vocês - um RPG! Um RPG no Atari, e para minha surpresa é até que divertido. Ele tenta seguir o estilão de Ultima, e apesar das limitações do console, o jogo surpreende.  Essa edição foi provavelmente a maior desde o início da Jornada, e tem sido gratificante e surpreendente conhecer o sistema que basicamente iniciou os videogames caseiros. A qualidade dos jogos subiu, e apesar de alguns pontos polêmicos e de uma certa repetição de estilos, O Atari 2600 realmente tem muito a oferecer em termos de diversão.          






Destaques: Communist Mutants from Space, Commando Raid, Chopper Command, Cosmic Ark, Demon Attack, Donkey Kong, Dragonfire, Dragonstomper.
Piores momentos: Cathouse Blues, Challenge of Nexar, Crypts of Chaos.


2 comentários:

  1. Essa pegada "espacial", "mutante", esses temas tão bacanas, parecem ainda mais interessantes numa época aonde só temos zumbis, hipsters e, por que não citar, zumbis hipsters... A fantasia, o fantástico, a ficão, tudo tinha mais variações, estranhamente em plataformas com menos capacidades pra expressar essas coisas!
    Adorei a capa de Communist Mutants!
    Ótimo post, cada jogo diferentão, mesmo quando são mais do mesmo!

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  2. Esse jeitão de jogos espaciais a rodo na década de 1980 é bastante interessante. São ótimas justificativas para se usar fundos escuros em uma época de limitações de hardware. Tem umas coisas bem únicas mesmo da época, o Mystic Ark, por exemplo, me surpreendeu com a originalidade. E como você comentou, venho percebendo que Space Invaders foi mais importante do que eu pensava na época em que escrevi a análise, estou impressionado com a influência que ele teve sobre tantos jogos, em alguns casos, não sendo tão legal...

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