terça-feira, 4 de julho de 2017

Jornada Atari 2600 Edição 26: Em uma Nova Geração, mas Ainda Firme e Forte...

Na edição de hoje de Jornada Atari 2600, falo dos jogos lançados de 1985 a 87 para o Atari. O ritmo de lançamentos nesse período caiu vertiginosamente comparado com 1983, por exemplo, mas de todo modo o Atari continuava vivo e com bons jogos em uma época em que Nintendinhos e Master Systems não eram nada baratos - este último nem havia sido lançado no Brasil ainda.

Adentrando 1985, temos apenas um jogo lançado para o console: Ghostbusters é uma coletânea de minigames, juntos como uma colcha de retalhos para formar um jogo de aventura. A ação de divide em várias seções. Na tela inicial devemos comprar alguns itens e armadilhas gerindo o dinheiro no começo do jogo. Ao comprar tudo, usamos o botão de mudança de dificuldade do console (ou emulador, hehe.) para iniciar. Na próxima tela, estamos em uma cidade e devemos conduzir os caça fantasmas até os pontos que piscam. Daí a tela muda novamente para uma visão superior do carro, onde podemos pegar itens bônus. Por fim, a tela muda novamente para a caça propriamente dita, na qual devemos cercar o fantasma e capturá-lo. Em alguns momentos isso pode ser bem desafiante. O jogo surpreende pelas mudanças de cenário e por tentar algo diferente no Atari. É muito bem feito, original e ambicioso, merece ser lembrado por isso. Infelizmente, porém, não achei o jogo muito divertido, enjoando rapidamente. De toda a forma, vale a pena conferir.


Seguimos para 1986 começando com Jr. Pac-Man. No momento em que estou jogando os títulos dessa edição, ainda não joguei Pac-man Jr. dos fliperamas. Portanto não sei dizer se a versão ficou fiel. O que percebi aqui foi um Pac-man com um boné igual ao do Kiko, nada mais que isso. Ele lembra muito o primeiro Pac-man do Atari 2600, mas não tão desequilibrado. De todo modo, os fantasmas aqui são rápidos demais, então se ficar na mesma linha deles, bye bye. Realmente, parece que o Atari 2600 não foi feito para jogar Pac-man. Mas mesmo com as falhas desses jogos, é impossível não jogar umas rodadas, e acabei demorando um pouco de começar a jogar Midnight Magic. É um jogo de fliperama estilo pinball, que apesar de ter uma bola leve demais, é extremamente divertido. Os gráficos são charmosos e aumentar a pontuação é mais divertido e envolvente do que deveria. Ótima surpresa, que o nome não entrega logo de cara! Depois de excelentes momentos com as mesas virtuais de pinball da meia noite, fui conferir um jogo não muito conhecido: Solaris.

Trata-se de um jogo de tiro com naves em uma perspectiva tridimensional surpreendente para para o Atari 2600, lembrando Silpheed (ou Silpheed lembra Solaris?), que o notório Cassio do Junk Tech analisou recentemente. Enfim, Solaris faz coisas que o Atari 2600 não fazia. É preciso escolher caminhos e mapear o progresso pelos quadrantes da galáxia no jogo, sendo fundamental ler o manual antes de jogar. É um grande feito técnico e esse jogo poderia facilmente estar no Famicom/Nintendinho. Vou separar para jogar com calma no futuro e talvez venha a fazer uma análise dedicada deste jogo. Estou positivamente impressionado com Solaris.

E o ano de 1986 se resumiu a esses três jogos, portanto o que faltou em quantidade naquele ano, certamente sobrou em qualidade com Midnight Magic e Solaris... Era de se esperar que o ano seguinte, 1987, fosse mais devagar ainda para o Atari 2600, afinal os videogames já estavam no auge da poderosa geração 8 bits, o Guns n' Roses lançava o seu primeiro álbum completo, e minha amada esposa nascia neste ano para mudar minha vida permanentemente duas décadas depois... Mas não, 1987 foi mais agitado que os dois últimos anos juntos, dando uma renovada em um console que parecia fadado à descontinuação.

Comecei por Crossbow, que é um jogo - pasmem! - estilo light gun shooter, à moda de Duck Hunt e House of the Dead, no qual precisamos atirar em elementos do cenário protegendo o personagem pela tela. Para isso usamos o controle normal mirando com o direcional e atirando em obstáculos que podem matar o personagem, que por sinal não tem pressa alguma de passar pelos perigos dos cenários, que aliás são bem diversificados. É diferentão para a época, mas acaba enjoando meio rápido... Daí passei para Desert Falcon, que é um jogo de tiro isométrico no qual controlamos um falcão por um deserto, devendo atirar em inimigos e desviar de obstáculos. O estilo lembra muito Zaxxon (versão arcade, não do do Atari 2600) da Sega, mas o visual desértico é visualmente monótono, dificultando por demais o senso de distância e altura do falcão. Assim, o jogo fica frustrante em poucos segundos, pois simplesmente controlar a "nave" é penoso. Pelo menos eu achei praticamente impossível divisar distâncias e alturas no jogo, então não consegui avançar direito.


Mais um exemplar da série RealSports, Boxing chama a atenção primeiramente pelo visual super caprichado e detalhado, mostrando até a plateia. É ver para crer. Os controles são rápidos e responsivos, mas na prática a luta é meio travada, porque o soco do boxeador é muito curto, ficando muito difícil acertar um soco sem levar pelo menos uns 5. As lutas acabam se arrastando, e nessa brincadeira o ânimo com o jogo se arrasta e fica pelo caminho. Saindo dos ringues para o cockpit, Cruise Missile é um jogo de tiro com scroll lateral bastante fluido (raridade no Atari 2600), porém com péssimos controles: para atirar é preciso apertar o direcional junto, e isso sempre faz o jogador colidir com o obstáculo. Pior jogo da edição, com certeza.

Depois de algumas naves explodidas em Cruise Missile, cheguei a California Games. Sim, este aqui é uma versão do clássico jogo de esportes famoso pela versão de Master System! Para minha surpresa, o jogo ficou muito bom no Atari 2600. Duvida? Veja as fotos e me diga se não ficou uma beleza no Atari... Os controles também funcionam muito bem. Versão competente, eu nem imaginava que o 2600 podia fazer isto. Destaque para o jogo de peteca e mountain bike.



Nesta edição o Atari 2600 continua surpreendendo com Kung-Fu Master, que é mais uma conversão dos fliperamas, desta vez com o pai dos Beat'em-ups (ou briga de rua, embora este jogo não se passe na rua...). A detecção de colisões tem algumas falhas, mas mesmo assim a conversão se saiu melhor que o esperado. Assim como California Games, eu achava que um jogo assim nem rodaria no Atari, e para minha surpresa roda bem. O jogo é ágil e desafiador, mantendo boa parte da essência do original. Os controles não fazem feio, mas a colisão às vezes deixa o jogador na mão, sendo um jogo menos preciso e bem mais punitivo que o original de arcade. Outro ponto negativo é a falta de botões no 2600, obrigando o jogador a usar o direcional para cima quando precisa saltar, prejudicando mais ainda a precisão que um jogo desses exige. Agora, sou eu ou o Kung Fu Master parece mais o Space Ghost nesse jogo?


Seguindo em frente, Skate Boardin': A Radical Adventure é um jogo de skate com visão aérea com bons gráficos, mas bastante limitado e desinteressante, não recomendado. Spiderdroid é meio que um puzzle no qual você controla uma aranha e deve preencher um cenário com teias antes de ser atacada por coisas que lembram pássaros. Joguinho interessante a primeira vista, mas rapidamente esquecível. Title Match Pro Wrestling é um jogo de luta livre no qual podemos escolher entre 4 lutadores. Parece seguir a mesma estrutura do RealSports Boxing, ou seja, visuais impressionantes no Atari, mas com uma jogabilidade não muito envolvente.


Terminando 1987 com uma veia esportiva, Summer Games segue o estilo Track and Field, um tipo de jogo que realmente não curto. Muito bem feito, mas não me segurou porque esse tipo de jogo não me agrada mesmo. Winter Games, diferente de Summer Games, me agradou um pouco mais. Controles muito melhores, provavelmente isto tem a ver com o fato de as modalidades contidas aqui serem mais interessantes. Mesmo assim, no geral o jogo chama a atenção muito mais para os gráficos do que para a diversão.

Esses foram os jogos do Atari 2600 lançados de 1985 a 87, e conforme o esperado, em muito menor quantidade que os anos anteriores, porém ainda apresentando excelentes momentos de diversão. É muito interessante constatar, que mesmo em meio a uma nova geração, o Atari 2600 continuava ainda em boa forma, mesmo que com poucos lançamentos - alguns deles excelentes. A Jornada continua e na próxima edição vou abordar os jogos lançados em 1988.

Destaques: Midnight Magic, Solaris, California Games, Kung Fu Master.
Piores momentos: Desert Falcon, Cruise Missiles, Skate Boardin', Summer Games.
     

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