quarta-feira, 26 de julho de 2017

Jornada Atari 2600 Edição 30: Epílogo

Foi um longo caminho desde a primeira edição da Jornada Atari 2600 que começou no início deste ano. Quando publiquei pela primeira vez nesta coluna eu sinceramente não sabia o que esperar destes textos por receio de os jogos de Atari 2600 serem pouco divertidos ou desinteressantes, fazendo com que eu parasse pelo caminho eventualmente. O que aconteceu foi precisamente o contrário, porque mesmo que sabidamente houvessem muitos jogos fracos dessa época, a cada edição eu me surpreendia com algum clássico que eu não havia jogado ainda, isso sem falar nos jogos desconhecidos ou pouco lembrados que se revelaram bons momentos. Fazer uma série de posts jogando todos os jogos do catálogo de um console é algo que demanda tempo e uma boa dose de esforço. Eu, pelo menos, senti uma enorme vontade de parar no meio. Não porque não haviam bons jogos, mas porque vira-e-mexe eu sentia vontade de jogar outras coisas. E como meu tempo livre é bem diminuto, optei por focar mais aprofundadamente no objetivo principal da Jornada Atari 2600 no primeiro semestre deste ano.
 
Boa parte dos jogos eu joguei por menos tempo, fato este favorecido pelo fato de que o design dos jogos era na maior parte baseado em partidas simples estilo arcade. Isso traz uma grande virtude característica do Atari: para se divertir é só pegar e jogar. Diversão irrestrita e sem burocracias, sem distrações. Jogar Atari 2600 é uma verdadeira celebração do que é jogar videogames em sua essência. Pensando por essa óptica, concluimos que muitos avanços nos videogames podem ter muito mais servido para nos distrair da diversão em si. Não estou criticando outras plataformas nem as jogatinas modernas, mas jogar tanta coisa do Atari me fez refletir sobre o que é de fato de divertir com um videogame.

O Atari 2600 não foi o primeiro console de videogame caseiro, mas com certeza foi o aparelho que definiu toda uma estrutura, que apesar de ter mudado em vários sentidos, na verdade continua a mesma em seu cerne. Se um dia tivemos acesso a nintendinhos,  mega drives, master systems e super nintendos... se hoje temos acesso a playstations, wiis e xboxes da vida, é por causa do Atari 2600 que popularizou ao máximo o conceito de um videogame que troca de fitas, novidade esta que os aparelhos de fita anteriormente trouxeram à música e aos filmes. O Atari 2600 é o VHS dos videogames. Foi o aparelho que desbravou o terreno desconhecido do videogame doméstico, levando a diversão do arcade para casa. Logo, foi o console que começou tudo.

Foi um privilégio poder desbravar o catálogo do Atari clássico por meio dos emuladores e escrever aqui foi uma experiência reveladora e prazerosa, sendo esta minha humilde homenagem aos 40 anos desde o primeiro lançamento do Atari 2600. Mas embora esta seja a última edição que escrevo da Jornada Atari 2600, vou revisitar esses jogos com calma, priorizando os destaques de cada edição. Jogando esses títulos como devem ser jogados, curtindo sem pressa e sempre voltando para uma maior pontuação. A todos que acompanharam esta coluna, o meu muito obrigado! E aqui terminamos os textos da Jornada Atari 2600, mas não a jogatina. Não é o fim da Jornada: ela está apenas começando.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Jornada Atari 2600 Edição 29: Depois de 1990... Como fica o Velho Atari?

Na edição de hoje da Jornada Atari 2600 vou falar sobre os jogos lançados de 1990 para frente. Foi um longo caminho, mas aqui estamos, seguindo para o ano de 1990.

Começamos com Ghostbusters II, que é completamente diferente do primeiro: aqui o jogo não tem um estilo muito bem definido, sendo melhor explicado como algo parecido com aqueles trechos de rapel do Battletoads de NES. Os controles são bem ruins e duros, é além disso os gráficos são bem inferiores ao original de 1985. My Golf é uma representação absurdamente monótona de uma modalidade esportiva que considero bastante burocrática... Não recomendado. As coisas não melhoraram com Pick 'n Pile, puzzle de combinações extremamente básico que caberia muito bem no final da década de 1970 no Atari. Eu pessoalmente não gostei deste aqui não... Partimos então para um soco no estômago de quem curte Enduro, chegamos a Fatal Run, jogo de corrida que lembra bastante o clássico da Activision, com visuais muito bem feitos e ótima sensação de profundidade e velocidade. O problema é o controle, que usa o direcional para cima com a função de acelerar. Me surpreendi como esse "detalhe" conseguiu sugar toda a diversão do título.


A safra melhorou muito com Klax. Mais um famoso jogo de arcade que eu não havia jogado ainda, portanto não sei dizer se a versão de Atari 2600 é fiel ao original. Fato é que trata-se de um jogo muito divertido: é um puzzle no qual controlamos uma barra móvel parecida com Breakout, com a qual conduzimos blocos coloridos para formar pilhas de cores semelhantes. A cada três blocos combinados temos um Klax.  Cada fase pede um número de Klax a serem formados, e a dificuldade logo fica desafiante. Um puzzle diferentão e envolvente, foi uma grata surpresa. Se a versão de 2600 é legal assim, fico imaginando a versão de Arcade... Depois de Klax, o nível dos jogos caiu muito, então vou buscar ser objetivo com os próximos. MotoRodeo é um jogo de corrida com visão lateral lembrando ExciteBike mas completamente quebrado. Sentinel surpreende por ser um jogo de light gun, no qual precisamos da arminha. Portanto, não consegui emular a experiência original do jogo, por isso vou dar a ele o benefício da dúvida e não emitir uma opinião. Xenophobe é um shooter lateral estilo Rolling Thunder, mas realmente esse tipo de jogo não rola no Atari 2600. É quase injogável.

Depois de 1990, o Atari 2600 passaria por um hiato em 91, retomando em 1992 com um único jogo: Acid Drop. Mais um puzzle de combinações à-la Tetris, aqui é preciso combinar peças de três partes com suas respectivas cores. Como regra desse tipo de jogo, é até divertido mas passa longe da qualidade de um Tetris ou Columns da vida. Mesmo assim é um bom passatempo. Por muitos anos este seria o último jogo de Atari 2600.


Na falta de um Tetris, Acid Drop se sai muito bem no Atari.

Pick Up é polêmico, mas divertido.
Em plena geração 128 bits com os GameCubes, Dreamcasts, Xboxes e PlayStations da vida, de forma inesperada temos um outro lançamento para este console. Pick Up é  um jogo no mínimo engenhoso. Ele tem uma estrutura semelhante a jogos de tiro, porém ao invés de destruir inimigos, atiramos em objetos variados que não primeira vez que são atingidos são adicionados a uma lista, e se atingidos novamente são removidos. O objetivo é completar a lista em cada fase, e isto fica difícil muito rápido devido ao ritmo de movimento desses objetos. Ele teve um lançamento tardio porque o desenvolvedor na época parece ter entendido que o jogo era ofensivo, porque a cada fase vencida o personagem podia levar uma garota a um hotel. Escandaloso, não? O jogo parece raso mas é estranhamente envolvente, portanto divertido.

Juno First fecha os lançamentos de Atari 2600 com chave de ouro.

Anos mais tarde em 2008, foi lançado o jogo Actionauts, o qual não joguei por não ter conseguido encontrar a rom na internet. Todavia, consegui jogar o último jogo lançado para o Atari 2600 até hoje (segundo a lista que segui desde o início da Jornada). Lançado em 2010, Juno First é uma adaptação do arcade Juno First da Konami  (de 1983) e foi lançado pelo notório grupo Atari Age - provavelmente a melhor fonte de tudo que é relacionado a Atari na internet. Também não joguei o original mas essa versão e Atari 2600 é fenomenal. Imaginem Beam Rider da Activision, mas absurdamente melhorado em todos os aspectos e temos Juno First, um dos melhores jogos do Atari 2600 lançado em pleno 2010 no auge da geração 360/PS3/Wii. E aqui terminamos todos os jogos já lançados para o Atari 2600 até os dias de hoje (pelo menos segundo a lista que segui desde a primeira edição), finalizando uma Jornada Épica... A Jornada Atari 2600. Mas acabou?

Destaques: Klax, Acid Drop, Juno First.
Piores momentos: Ghostbusters II, Fatal Run, Xenophobe.



domingo, 9 de julho de 2017

Jornada Atari 2600 Edição 28: Termina a Década de 1980

Começando mais uma edição da Jornada Atari 2600, chegamos ao ano de 1989 com os lançamentos deste console clássico. Chega a ser impressionante a longevidade do Atari 2600... Em 1989, pleno ano de lançamento do Mega Drive (Genesis nos EUA) um console lançado em 1977 (e no Brasil em 83) receber novos títulos é algo surpreendente de fato.

Começamos com o pé esquerdo com BMX Airmaster, jogo de bicicletas BMX, mas muito sem graça... Não consegui jogar muito. Eu queria mesmo era jogar o ultra famoso Double Dragon, que eu ainda não cheguei a jogar até hoje. Não demorou para eu concluir que minha primeira vez com Double Dragon não me caiu bem... Os controles são travados e o personagem apanhou muito. Eu dei uma insistida, mas tanto game over ficou cansativo. Fica minha expectativa de jogar o original, porque o de Atari não foi nada legal... Passei brevemente por Night Stalker, que lembra muito Pac-man, mas sem pastilhas a coletar, com a possibilidade de atirar em inimigos. A movimentação não é muito boa e eu sinceramente não gostei deste jogo. Passei um tempo a mais com outro clássico de arcade trazido ao Atari: Rampage é uma versão super capada do original, me parece que forçaram a barra ao tentar fazer esse jogo rodar no Atari. Ficou feio e totalmente bugado, nada divertido, diferente do original que é ótimo. Esses primeiros jogos da edição mostram que nem tudo era flores para o longevo videogame. Apesar de lançamentos fora de sua época, a qualidade começou a sofrer um pouco mais.

Seguindo com a lista, Double Dunk é um jogo de basquete 2 contra 2, que tem controles terríveis... Incrivelmente o Basketball, que joguei lá no início da Jornada, é bem superior. E olha que Basketball saiu em 1978. Resumindo, DD é frustrante, não recomendado. Chegou depois a vez de Ikari Warriors, que já citei em outras edições para explicar o funcionamento de alguns jogos de tiro do Atari, e eis que chegou o momento de conhecer a versão desse título para o 2600. E foi com curiosidade e uma certa empolgação que fui conhecer este famoso jogo. Assim como o original, é um jogo de tiro aéreo no qual controlamos um personagem estilo Rambo, podendo atirar apenas um tiro por vez, podendo eventualmente usar um tanque de guerra. O jogo diverte, mas tem uma movimentação lenta e é absurdamente difícil. Realmente, Ikari Warriors parece demais para o Atari 2600, e a diversão fica bem comprometida com os problemas de performance.


Passei então para Off the Wall, que é um interessante clone de Breakout, mas é bem difícil devido à velocidade excessiva da bolinha. Mesmo assim, vale a pena conferir. Radar Lock é um shooter bastante parecido com o jogo Solaris de 1986 também para Atari. Bons controles, mas que para ser completamente apreciado precisa de dois controles para ser jogado adequadamente, pois ele precisa de um botão a mais para usar armar secundárias. No emulador não é um problema, mas as questões com o jogo não param aqui: a monotonia do cenário inibe a diversão e enjoa muito rápido.

Road Runner é interessante: controlamos o papa-léguas com o objetivo de fugir do coiote. Os controles funcionam bem e o visual é excelente. Eu perdi várias vezes de propósito para testemunhar o coiote finalmente capturando o papa-léguas. Só isso já vale o jogo.

Jogo feito para quem sempre quis ver o coiote pegar o papa-léguas

E quando eu achava que pouca coisa se salvava no Atari 2600 neste ano de 1989, fui surpreendido no final da lista da edição por Secret Quest. É a grande surpresa da edição e uma das grandes surpresas da Jornada Atari 2600 desde o seu início, sendo facilmente um dos melhores jogos de Atari que eu pude jogar. Este título é simplesmente uma espécie de resposta do Atari 2600 a Legend of Zelda do NES. E para minha total surpresa, o jogo funciona maravilhosamente bem no Atari. Aqui controlamos uma espécie de astronauta por estações espaciais, devendo enfrentar inimigos alienígenas com algo parecido com um sabre de luz em cenários labirínticos, tomando o cuidado de administrar bem a energia e o oxigênio, sendo que cada setor deve ser destruído e ao final fugimos do local antes que o tempo acabe, no melhor estilo Metroid. Tem até uma (simples) trilha sonora no jogo. Eu me surpreendi várias vezes com o Atari 2600 como vocês devem ter percebido em outras edições, mas Secret Quest conseguiu me surpreender mais ainda, e justamente em um momento que os jogos do 2600 vinham ficando mais mornos. Bem no ano de lançamento do Mega Drive/Genesis nos EUA, o Atari 2600 simplesmente mostrou que poderia rodar algo que lembrasse Zelda guardadas as proporções. Excelente jogo que pretendo futuramente jogar com a calma que ele merece...  

Sim, você já viu cena parecida em algum lugar...

E assim, depois de vários momentos sem diversão e com uma grande surpresa no final, cobrimos todos os jogos de Atari 2600 de 1989, fechando a década de 1980 depois de muitas edições. É o fim dos anos 80 para o Atari, mas a Jornada continua. Na próxima edição vamos ver sobre os jogos lançados após 1990 para este console, que simplesmente não pára.

Destaque: Secret Quest.
Piores momentos: BMX Air Master, Double Dragon, Rampage, Double Dunk.


sábado, 8 de julho de 2017

Análise 66: Pac-Land [Arcade]



Desde que escrevi sobre o side scrolling 2D aqui no blog lá pelo início de 2015, tenho tido a vontade de escrever sobre Pac-Land e me aprofundar neste título tão pouco lembrado. Demorou "apenas" cerca de 2 anos, mas aqui estão minhas reflexões sobre este peculiar jogo do Pac-man que não aparece nas coletâneas que a Namco vem lançando para todas as plataformas há décadas. Lançado em 1984 para os fliperamas, trata-se de um jogo de plataforma com side scrolling lateral e parallax (técnica visual em que elementos de diferentes profundidades do cenário se movem a velocidades diferentes gerando uma sensação de imersão maior no jogo). Assim, diferentemente de Pitfall, por exemplo, a ação flui pelo cenário ao invés de trocar telas como se fossem slides, como era uso na época.

O efeito de side scrolling é incrivelmente fluido e os visuais são coloridos e muito bem animados, como se estivéssemos assistindo um desenho animado. O jogo é dividido em "viagens", que são conjuntos de fases nas quais Pac-Man precisa carregar uma fada até o final de cada cenário, progredindo da esquerda para a direita. Na última fase de cada viagem, Pac-Man recebe botas especiais que permitem que ele salte várias vezes no ar, e ao final de cada viagem ele é recebido em casa pela Ms. Pac-Man e Pac-Man Jr. 
Aqui há poucos sinais do estilo de jogo em labirinto que consagrou o amarelão: controlamos a direção entre esquerda e direita com os botões direcionais e o salto com o botão de pulo. E não adianta fazer como eu achando que o Pac-Man é o Mario de SMB: pular nos inimigos não os derrota, é preciso evitá-los como se fazia desde 1980 no primeiro come-come de fliperama. Pelo caminho é possível coletar frutas para pontos e as cápsulas maiores, assim como nos outros jogos, deixam o personagem invencível por uns poucos segundos e os fantasmas ficam azuis e fujões. Assim, basta ir atrás deles e tocar neles, como no fliperama, acumulando pontos e os derrotando.








Apesar da mudança de estrutura do jogo, as
cápsulas de poder ainda têm a mesma função.

Achei impressionante como esse jogo apresenta o estilo plataforma 2D com progressão lateral ainda antes do Super Mario Bros. de NES, e com gráficos mais detalhados e avançados. Infelizmente a música é bem repetitiva e não marcante, enjoando rapidamente. O jogo também pode ser completado em questão de minutos depois que nos habituamos com os controles e o tempo de cada inimigo. E vou além na sinceridade: este jogo não é divertido. Pelo menos eu não gostei muito, e tenho a opinião de que Pac-Man bom é no formato original mesmo. Pelo menos nos jogos do come-come que joguei até aqui, claro... Lembrando que ainda não joguei os mais modernos. 

Os detalhes gráficos impressionam

O valor de Pac-Land em minha opinião reside nas inovações tecnológicas que trouxe, ajudando a definir uma série de nuances que se tornariam padrão nos jogos 2D, como o gênero plataforma e o side scrolling, que é muito bem feito e fluido nesse jogo. A jogabilidade não marca o jogador e não diverte tanto como outros jogos de plataforma dessa época, como por exemplo Super Mario Bros. e Pitfall, apenas para citar alguns. Não é um grande jogo e isto é deixado claro pela própria Namco em não incluí-lo em seus relançamentos e remasterizações. Pessoalmente, eu o achei bem morno e pouco divertido. Todavia, pode ser considerado um jogo importante pelas inovações que trouxe e eventualmente se tornariam um padrão nos videogames nas gerações 8 e 16 bits.


 

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Jornada Atari 2600 Edição 27: Ultrapassando os Limites do Atari

Na edição de hoje, falo sobre os jogos lançados em 1988 para o Atari 2600 que pude jogar recentemente. Começamos bem a edição com Commando, que é um jogo de tiro a pé, daqueles Run n' Gun, estilo Contra, mas com uma visão aérea semelhante a Ikari Warriors da SNK. O controle do jogo é muito bom e o foco é o posicionamento do personagem, exigindo bastante tentativa e erro além de uma certa estratégia para acertar os tiros e desviar do fogo inimigo. Bom jogo, surpreendente no Atari 2600. Pete Rose Baseball é um simulador de baseball com gráficos surpreendentes, mas como jáfalei em outras oportunidades, eu ainda desconheço a dinâmica do baseball, e ainda não pude tirar um tempo para aprender. De certo que um dia eventualmente vou dar uma pesquisada nas regras desse esporte, assim como o futebol americano, que também não conheço. Portanto, eu não posso opinar se o esporte fcou bem representado, fato é que o jogo parece ser muito bem feito.



Daqui passei para River Raid II, jogo que gerou muita expectativa para mim e de certa forma me frustrou um pouco. Aqui a estrutura do original foi bastante modificada, pois agora, além do combustível é preciso gerir velocidade e altura do avião. O jogo é bem feito como seu antecessor mas os controles são meio inacessíveis a princípio, e até pegar as manhas eu explodi muito. Essa dificuldade no início do jogo faz com que falte aquele fator divertido do primeiro jogo. Não há a diversão imediata, mas um pouco de persistência para aprender os controles e pegar o ritmo do jogo revela um bom momento. Ou seja, é um bom jogo, mas nem de longe aquela obra prima que foi o primeiro River Raid. Mantendo o estilo shooter, Sea Hawk tem uma progressão lateral no estilo Defender, com scroll fluido e gráficos coloridos e detalhados. Tinha tudo para ser divertido, mas sofre da síndrome do botão único... O botão de ação lança um míssil que cai em parábola, então depende muito do seu posicionamento. Para atirar do jeito tradicional, é preciso usar o direcional para o lado e o botão de ação, e isso faz com que seja muito difícil desviar do fogo inimigo, assim como outros jogos de tiro do Atari com essa abordagem. Foi frustrante, pois o jogo começou promissor e aí meu avião explodiu até eu cansar de vez. E me lembrei que anteriormente na edição 14 da Jornada eu joguei um título chamado Seahawk  (assim, junto mesmo) e não havia curtido. Estranhamente ele apareceu novamente na lista, e uma vez mais o joguei. E realmente é o mesmo jogo, e parece que minha opinião sobre ele piorou um pouco...

O surpreendente Task Force é um jogo estilo Duck Hunt mas usando o controle normal. Aqui é preciso ser rápido: o objetivo é abater mafiosos com armas na mão antes que eles atirem em pessoas desarmadas. Foi mais divertido do que o esperado, mas a mira é meio lenta, então o jogo fica difícil demais e um game over é questão de tempo. O próximo da lista foi Tomcat: The F-14 Fighter Simulator, que é um desses simuladores de vôo burocráticos e pomposos em que a leitura do manual é obrigatória para conseguir fazer algo. Considerando o hardware do console, o jogo é muito bem feito e tem uma física convincente, levando em conta a angulação da aeronave, altitude, velocidade, etc. Mas é o tipo de jogo que exige um hardware mais sofisticado, então aqui no 2600 ele ficou bem monótono. De toda forma, os programadores merecem todo o mérito por reproduzir no velho Atari um jogo tão avançado em pleno 1988.


Dark Chambers chegou com tudo animando minha lista de jogos da edição, é mais um título que eu achei inacreditável. É um jogo de ação com visão aérea que mistura o estilo de Berzerk com Gauntlet (do arcade, não aquela decepção que nós vimos na edição 19 da Jornada...) e ainda com uma pitada de Zelda. E sim, o jogo funciona maravilhosamente bem. O personagem pode atirar ao apertar ou segurar o botão de ação ou usar alguns itens secundários como bombas ao apertar o botão duas vezes rapidamente. O jogo é bem grande para um título de Atari 2600 e tem várias nuances interessantes, como o fato de que ao atirar em inimigos mais fortes eles se transformam nos mais fracos. Maravilhosa surpresa, melhor jogo dessa edição. Depois de um clássico oculto, nada como rever um clássico famoso, e foi isto que Defender II apresentou ser. É bem mais interessante que o primeiro Defender no Atari, sendo uma conversão bastante fiel do primeiro Defender dos fliperamas (que analisei aqui ano passado), portanto é um dos melhores jogos de tiro disponíveis no Atari 2600. Altamente recomendado.

Passei depois uns minutos divertidos com Sprintmaster, que é um jogo de corrida com visão aérea estilo Micro Machines, com modo para um ou dois jogadores e uma boa variedade de pistas. Os controles são super responsivos, mas eu sou uma pereba nesse tipo de jogo. De todo modo, é um título divertido para quem tiver o mais remoto interesse em jogos de corrida. Terminando a sequência, fechei com Super Baseballe Super Football, que por sua vez não chamam muito a atenção e como comentei antes, ainda não tenho nenhum conhecimento dessas modalidades, portanto não tenho ainda uma opinião formada desses títulos. Quem sabe no futuro eu não aprenda as regras, assim eu poderei um dia curtir os jogos de esportes do Mega Drive, que segundo ouço dizer, são excelentes. Mas por enquanto não tenho uma opinião desses esportes.

 
Esses foram os jogos de 1988 no Atari 2600, e estou positivamente impressionado com o domínio que os desenvolvedores alcançaram desse hardware, aumentando em muito a vida útil deste console que foi tão popular (e continua sendo). Com certeza vou revisitar boa parte deles com mais calma no futuro.

Destaques: River Raid II, Dark Chambers, Defender II.
Piores momentos: Sea Hawk. 


 

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Análise 65: Pirate Ship Higemaru [Arcade]

O mês de julho começou animado aqui no blog. Há alguns meses, jogando o Capcom Classics Collection do PlayStation 2, conheci um jogo de labirinto bastante interessante: Pirate Ship Higemaru. O jogo chama a atenção por várias características interessantes, e é claro que ele logo entrou para minha lista de títulos a analisar, e é precisamente o assunto da publicação de hoje.

Lançado no importante ano de 1984 para os fliperamas, Pirate Ship Higemaru é um jogo de ação com visão aérea baseado em labirintos, com um conceito já explorado em Pengo - analisado aqui esses dias, podendo ser visto como uma abordagem da Capcom à jogabilidade deste clássico. O tema ártico e gélido de Pengo, no entanto, foi substituído aqui por uma ambientação em navios piratas. Aqui controlamos um marinheiro chamado Momotaro, que precisa derrotar uma tripulação inteira de piratas. Para isto, a principal arma à disposição do herói solitário são os barris espalhados pelo cenário formando labirintos, assim como os blocos de gelo no jogo da Sega. O grande recurso do personagem é a habilidade de pegar objetos pelos cenários e jogá-los nas quatro direções principais, já que ele não tem ataques próprios.

Flyer do jogo na época... Infelizmente não achei imagens do gabinete...

Qualquer pirata no caminho de um barril jogado por Momotaro é lançado para fora da tela, e a cada vez que um barril quebra no final da trajetória depois de ser jogado, o jogador acumula pontos, que são multiplicados com bônus quando acertam um ou mais inimigos. A cada 16 barris quebrados o jogador fica invencível por alguns segundos, bastando encostar nos inimigos para derrotá-los nesse ínterim. Os barris também podem conter itens que oferecem pontuações bônus para o jogador.


Cada segmento do navio é uma fase que tem um grupo de piratas a serem vencidos, finalizando quando o jogador conseguir acabar com todos eles. A cada fase, como esperado nesse tipo de jogo, a dificuldade aumenta e os inimigos ficam bem mais espertos e ágeis, gerando momentos de genuína tensão, da melhor forma possível. Isto aumenta em muito a diversão de Pirate Ship Higemaru. O jogo não tem um final específico, sendo o objetivo pura e simplesmente acumular pontos, como na maioria dos jogos da época. De toda forma, os barris vão sempre mudar de conformação, evitando que a mesma partida se repita na mesma sequência.



Os gráficos são cartunizados e seguem um padrão até superior e com mais detalhes que os outros dois jogos da Capcom que analisei aqui (Vulgus e SonSon). A movimentação é ágil e fluida, com controles perfeitamente responsivos, na medida para um jogo deste tipo, que é bastante exigente com a precisão do jogador. O ponto negativo fica por conta do áudio, que apesar de ter ótimos efeitos sonoros, tem uma música-tema que enjoa muito rápida e logo fica irritante. Assim como ocorreu em Vulgus, no entanto, o jogo foi tão divertido que deu para suportar a musiquinha em loop. Fora isto é um ótimo jogo. Conheci este título por meio da incrível coletânea Capcom Classics Collection do PlayStation 2 e joguei muito com minha esposa. Nós tivemos momentos excelentes com Pirate Ship Higemaru, sendo um jogo bastante intenso em fases avançadas e absurdamente divertido. Portanto, extremamente recomendável, principalmente para jogar ouvindo seus álbuns favoritos.



quarta-feira, 5 de julho de 2017

Outras Estórias

Desde que passei a organizar os conteúdos do blog em colunas - Análises, Retrospectivas e Jornada Atari 2600 -, tenho mantido uma categoria à parte no lado direito da página sob a alcunha de "Outras Estórias". Como é possível depreender da nomenclatura, são textos sem uma categoria específica, escritos sem uma programação, mas sim apenas porque decidi escrevê-los. Não que as outras colunas não tenham espontaneidade na escrita - sinto enorme prazer em escrevê-las - mas elas fazem parte de uma visão que tive do que eu gostaria que o blog se tornasse. As Outras Estórias estão fora do previsto. São postagens baseadas em pensamentos e experiências em retro gaming que estão fora do escopo inicial das colunas do blog, portanto elas trazem um quê de inesperado às publicações do Old Magus' Pub. Sim, estou ciente de que os empregadores do termo estória são por vezes considerados uma minoria arcaísta. Porém, sou um fã confesso da obra de Guimarães Rosa e suas estórias, que são comumente definidas como "narrativas de cunho popular e tradicional". Ora, não consigo pensar em coisas tão definidoras do conceito de cultura quanto aqueles "causos", aqueles contos e estórias que desde a infância ouvimos entre familiares e amigos e nestes meios reproduzimos. Quantas anedotas e causos gamers não compartilhamos entre amigos na juventude? Não faria mais sentido chamarmos tais contos de estórias do que histórias? Então, como aqui temos já um número razoável de anedotas e estórias fora do contexto das colunas, decidi por bem criar aqui no blog uma nova-velha coluna: Outras Estórias.

Por que os jogos antigos ainda são relevantes?
Virtual Atari: Jogue todos os jogos de Atari 2600 em seu navegador
A Evolução dos Jogos: Sidescrolling 2D
Back to the Nineties 01: Reencontro com o Início
Pixel Dungeon: Minha porta de entrada para os RPGs Rogue-like
Knights of Pen and Paper: Uma Ode aos RPGs
100 Idas ao Pub
Por Que Precisamos Viajar Mais Vezes?
Sega Forever
Tirando a Poeira
NostalDia das Crianças (2017)
A Indecisão ao Escolher o que Jogar... E Sobre como Resolver
O que ando fazendo...
Monument Valley (Android)




terça-feira, 4 de julho de 2017

Jornada Atari 2600 Edição 26: Em uma Nova Geração, mas Ainda Firme e Forte...

Na edição de hoje de Jornada Atari 2600, falo dos jogos lançados de 1985 a 87 para o Atari. O ritmo de lançamentos nesse período caiu vertiginosamente comparado com 1983, por exemplo, mas de todo modo o Atari continuava vivo e com bons jogos em uma época em que Nintendinhos e Master Systems não eram nada baratos - este último nem havia sido lançado no Brasil ainda.

Adentrando 1985, temos apenas um jogo lançado para o console: Ghostbusters é uma coletânea de minigames, juntos como uma colcha de retalhos para formar um jogo de aventura. A ação de divide em várias seções. Na tela inicial devemos comprar alguns itens e armadilhas gerindo o dinheiro no começo do jogo. Ao comprar tudo, usamos o botão de mudança de dificuldade do console (ou emulador, hehe.) para iniciar. Na próxima tela, estamos em uma cidade e devemos conduzir os caça fantasmas até os pontos que piscam. Daí a tela muda novamente para uma visão superior do carro, onde podemos pegar itens bônus. Por fim, a tela muda novamente para a caça propriamente dita, na qual devemos cercar o fantasma e capturá-lo. Em alguns momentos isso pode ser bem desafiante. O jogo surpreende pelas mudanças de cenário e por tentar algo diferente no Atari. É muito bem feito, original e ambicioso, merece ser lembrado por isso. Infelizmente, porém, não achei o jogo muito divertido, enjoando rapidamente. De toda a forma, vale a pena conferir.


Seguimos para 1986 começando com Jr. Pac-Man. No momento em que estou jogando os títulos dessa edição, ainda não joguei Pac-man Jr. dos fliperamas. Portanto não sei dizer se a versão ficou fiel. O que percebi aqui foi um Pac-man com um boné igual ao do Kiko, nada mais que isso. Ele lembra muito o primeiro Pac-man do Atari 2600, mas não tão desequilibrado. De todo modo, os fantasmas aqui são rápidos demais, então se ficar na mesma linha deles, bye bye. Realmente, parece que o Atari 2600 não foi feito para jogar Pac-man. Mas mesmo com as falhas desses jogos, é impossível não jogar umas rodadas, e acabei demorando um pouco de começar a jogar Midnight Magic. É um jogo de fliperama estilo pinball, que apesar de ter uma bola leve demais, é extremamente divertido. Os gráficos são charmosos e aumentar a pontuação é mais divertido e envolvente do que deveria. Ótima surpresa, que o nome não entrega logo de cara! Depois de excelentes momentos com as mesas virtuais de pinball da meia noite, fui conferir um jogo não muito conhecido: Solaris.

Trata-se de um jogo de tiro com naves em uma perspectiva tridimensional surpreendente para para o Atari 2600, lembrando Silpheed (ou Silpheed lembra Solaris?), que o notório Cassio do Junk Tech analisou recentemente. Enfim, Solaris faz coisas que o Atari 2600 não fazia. É preciso escolher caminhos e mapear o progresso pelos quadrantes da galáxia no jogo, sendo fundamental ler o manual antes de jogar. É um grande feito técnico e esse jogo poderia facilmente estar no Famicom/Nintendinho. Vou separar para jogar com calma no futuro e talvez venha a fazer uma análise dedicada deste jogo. Estou positivamente impressionado com Solaris.

E o ano de 1986 se resumiu a esses três jogos, portanto o que faltou em quantidade naquele ano, certamente sobrou em qualidade com Midnight Magic e Solaris... Era de se esperar que o ano seguinte, 1987, fosse mais devagar ainda para o Atari 2600, afinal os videogames já estavam no auge da poderosa geração 8 bits, o Guns n' Roses lançava o seu primeiro álbum completo, e minha amada esposa nascia neste ano para mudar minha vida permanentemente duas décadas depois... Mas não, 1987 foi mais agitado que os dois últimos anos juntos, dando uma renovada em um console que parecia fadado à descontinuação.

Comecei por Crossbow, que é um jogo - pasmem! - estilo light gun shooter, à moda de Duck Hunt e House of the Dead, no qual precisamos atirar em elementos do cenário protegendo o personagem pela tela. Para isso usamos o controle normal mirando com o direcional e atirando em obstáculos que podem matar o personagem, que por sinal não tem pressa alguma de passar pelos perigos dos cenários, que aliás são bem diversificados. É diferentão para a época, mas acaba enjoando meio rápido... Daí passei para Desert Falcon, que é um jogo de tiro isométrico no qual controlamos um falcão por um deserto, devendo atirar em inimigos e desviar de obstáculos. O estilo lembra muito Zaxxon (versão arcade, não do do Atari 2600) da Sega, mas o visual desértico é visualmente monótono, dificultando por demais o senso de distância e altura do falcão. Assim, o jogo fica frustrante em poucos segundos, pois simplesmente controlar a "nave" é penoso. Pelo menos eu achei praticamente impossível divisar distâncias e alturas no jogo, então não consegui avançar direito.


Mais um exemplar da série RealSports, Boxing chama a atenção primeiramente pelo visual super caprichado e detalhado, mostrando até a plateia. É ver para crer. Os controles são rápidos e responsivos, mas na prática a luta é meio travada, porque o soco do boxeador é muito curto, ficando muito difícil acertar um soco sem levar pelo menos uns 5. As lutas acabam se arrastando, e nessa brincadeira o ânimo com o jogo se arrasta e fica pelo caminho. Saindo dos ringues para o cockpit, Cruise Missile é um jogo de tiro com scroll lateral bastante fluido (raridade no Atari 2600), porém com péssimos controles: para atirar é preciso apertar o direcional junto, e isso sempre faz o jogador colidir com o obstáculo. Pior jogo da edição, com certeza.

Depois de algumas naves explodidas em Cruise Missile, cheguei a California Games. Sim, este aqui é uma versão do clássico jogo de esportes famoso pela versão de Master System! Para minha surpresa, o jogo ficou muito bom no Atari 2600. Duvida? Veja as fotos e me diga se não ficou uma beleza no Atari... Os controles também funcionam muito bem. Versão competente, eu nem imaginava que o 2600 podia fazer isto. Destaque para o jogo de peteca e mountain bike.



Nesta edição o Atari 2600 continua surpreendendo com Kung-Fu Master, que é mais uma conversão dos fliperamas, desta vez com o pai dos Beat'em-ups (ou briga de rua, embora este jogo não se passe na rua...). A detecção de colisões tem algumas falhas, mas mesmo assim a conversão se saiu melhor que o esperado. Assim como California Games, eu achava que um jogo assim nem rodaria no Atari, e para minha surpresa roda bem. O jogo é ágil e desafiador, mantendo boa parte da essência do original. Os controles não fazem feio, mas a colisão às vezes deixa o jogador na mão, sendo um jogo menos preciso e bem mais punitivo que o original de arcade. Outro ponto negativo é a falta de botões no 2600, obrigando o jogador a usar o direcional para cima quando precisa saltar, prejudicando mais ainda a precisão que um jogo desses exige. Agora, sou eu ou o Kung Fu Master parece mais o Space Ghost nesse jogo?


Seguindo em frente, Skate Boardin': A Radical Adventure é um jogo de skate com visão aérea com bons gráficos, mas bastante limitado e desinteressante, não recomendado. Spiderdroid é meio que um puzzle no qual você controla uma aranha e deve preencher um cenário com teias antes de ser atacada por coisas que lembram pássaros. Joguinho interessante a primeira vista, mas rapidamente esquecível. Title Match Pro Wrestling é um jogo de luta livre no qual podemos escolher entre 4 lutadores. Parece seguir a mesma estrutura do RealSports Boxing, ou seja, visuais impressionantes no Atari, mas com uma jogabilidade não muito envolvente.


Terminando 1987 com uma veia esportiva, Summer Games segue o estilo Track and Field, um tipo de jogo que realmente não curto. Muito bem feito, mas não me segurou porque esse tipo de jogo não me agrada mesmo. Winter Games, diferente de Summer Games, me agradou um pouco mais. Controles muito melhores, provavelmente isto tem a ver com o fato de as modalidades contidas aqui serem mais interessantes. Mesmo assim, no geral o jogo chama a atenção muito mais para os gráficos do que para a diversão.

Esses foram os jogos do Atari 2600 lançados de 1985 a 87, e conforme o esperado, em muito menor quantidade que os anos anteriores, porém ainda apresentando excelentes momentos de diversão. É muito interessante constatar, que mesmo em meio a uma nova geração, o Atari 2600 continuava ainda em boa forma, mesmo que com poucos lançamentos - alguns deles excelentes. A Jornada continua e na próxima edição vou abordar os jogos lançados em 1988.

Destaques: Midnight Magic, Solaris, California Games, Kung Fu Master.
Piores momentos: Desert Falcon, Cruise Missiles, Skate Boardin', Summer Games.
     

sábado, 1 de julho de 2017

Jornada Atari 2600 Edição 25: Em 1984, um Arcade em Casa

Estamos já em julho... Como o ano está passando rápido! A vigésima quinta edição desta Jornada Atari 2600 nos traz os jogos lançados para o console em 1984, época em que já havia ocorrido o Crash dos Videogames e pouco antes o Famicom havia sido lançado pela Nintendo no Japão. Em um momento de tantas mudanças e com tantos consoles de videogame disponíveis na epoca, a vitalidade do Atari 2600 é de surpreender. Chegamos aqui a jogos que eu já analisei aqui no blog, seja no próprio Atari 2600 ou no formato original de Arcade. Sim, o Atari 2600 buscava ser uma espécie de arcade/fliperama caseiro, e na maior parte das vezes conseguiu excelentes resultados, como veremos a seguir. Começamos com o pé direito esta edição, com um dos petardos da Activision - e que eu particularmente não conhecia. 

Cosmic Commuter começa com uma sequência despretenciosa na qual devemos regular a aterrissagem de uma espécie de foguete. Quanto mais suave for, maior a pontuação. Depois disso, uma pequena nave/cápsula/coisa se desprende do veículo maior e o jogo de fato começa. É um shooter horizontal, no qual podemos acelerar ou retroceder, lembrando Defender. Aqui é preciso gerir o combustível, que pode ser reposto ao longo da fase como em River Raid. É possível desviar dos obstáculos ou atirar neles, enquanto resgatamos pessoas no solo. Poucos jogos do Atari 2600 têm tanta coisa acontecendo e tantas variedades. A movimentação e o side scrolling são incrivelmente fluidos e as físicas de movimentação, aceleração e desaceleração da nave são muito convincentes. Evidente que este é um jogo da Activision, e portanto super polido. Dei uma pesquisada no Oráculo e vi no site Atari Age que este jogo foi desenvolvido por John Van Ryzin, o mesmo mestre por trás de H.E.RO. (que analisei aqui no ano passado). Fantástico jogo, definitivamente um dos melhores que pude conhecer na Jornada Atari 2600.

Espial é mais um jogo de tiro com naves, porém com progressão vertical. O visual é bastante colorido e tem aquelas piscadas do Atari, mas é bem sutil, portanto com baixo risco de induzir crises convulsivas. O jeitão do jogo lembra muito Xevious, surpreendentemente bom. Daí parti para Frogger II: Threeedeep!, que é uma sequência digna do clássico dos arcades, com uma variedade interessante de cenários, com maior destaque para a fase que ocorre no céu. Excelente jogo do Atari. O nível caiu um pouco com Front Line, que segue um estilo de tiro, porém controlando um soldado a pé, lembrando Ikari Warriors da SNK. O jogo diverte, mas não chama muito a atenção, enjoando rapidamente. Mesmo assim, é muito bem feito, considerando o escopo e apresentação dos jogos dessa época.

Depois segui para Gyruss, um jogo de tiro em tubo, seguindo a linha de Tempest (que também analisei por aqui), com uma interessante sensação de profundidade criada pelo efeito de perspectiva. A movimentação da nave é giratória, como sugere o título, e os controles são ótimos. As coisas só melhoraram com H.E.R.O., que para muitos é um dos melhores, senão o melhor jogo do Atari 2600. Não há como jogar Atari e não lembrar de H.E.R.O..... Me diverti muito ano passado quando o analisei aqui no blog, e me diverti novamente jogando esta maravilha.  


Montezuma's Revenge: Starring Panama Joe foi um jogo com o qual não criei grandes expectativas, esperando que fosse algum clone de Pitfall!... Mas na verdade, é um interessante jogo de plataforma/aventura, no qual coletamos chaves para avançar pelos cenários. Cada trecho tem uma solução específica e um caminho, com uma veia puzzle que lembra Lode Runner em alguns momentos. Extremamente divertido, é como Pitfall!, mas baseado em exploração e não tanto em correria e saltos. Falando em Pitfall, chegamos a Pitfall II: Lost Caverns também já foi analisado aqui, e assim como H.E.R.O. é uma das grandes realizações do Atari 2600. Depois de tantos jogos que conheci durante a Jornada Atari 2600, Pitfall II parece ainda mais impressionante,

Como toda edição, temos altos e baixos, e River Patrol foi um destes. Você controla um barco por um rio, devendo resgatar pessoas. E pasmem, nenhum tiro disparado... Não gostei deste aqui. Roc 'N Rope é um jogo de plataforma primitivo no qual usamos uma corda para atravessar buracos do cenário. O jogo é um pouco frustrante, mas me lembrou o clássico Bionic Commando em alguns momentos. 


O Spy Hunter de Atari 2600 é uma versão capada do clássico dos fliperamas, mas muito melhor do que o esperado no Atari. A jogabilidade, que era meu medo com relação a esse título, ficou surpreendentemente boa, funciona muito bem no Atari. Boa surpresa mesmo. O original de Arcade também foi analisado aqui no blog. Em seguida veio Star Wars: The Arcade Game, um jogo de tiro em primeira pessoa no qual pilotamos a lendária nave X-Wing pelas trincheiras da Estrela da Morte em Uma Nova Esperança. Os gráficos são vetoriais, mas não consegui avançar porque o cenário não muda...


Tapper é uma versão do arcade Root Beer Tapper, do qual falei aqui há alguns meses. A conversão ficou excelente. O garçom agora parece uma espécie de pirata com bandana, e o bônus está muito mais difícil que o original por conta da não fluidez gráfica. Mas a diversão está fielmente reproduzida nesta versão, fiquei muito satisfeito com ela, pois gosto muito da versão arcade e foi ótimo ver esse clássico em boa forma no Atari. Gremlins fica com o posto de pior momento da edição. Ele reveza o estilo de jogo do famoso Kaboom com clones de Space Invaders, mas não se destaca.


Millipede no Atari 2600 ficou excelente: fiel ao original, veloz e furioso. A dificuldade aumentou na minha opinião, mas ainda assim é um incrível jogo de tiro da época, uma excelente versão do arcade. Encerro a edição por aqui com Pengo, um jogo de ação estilo arcade da Sega que analisei aqui esses dias. A versão do Atari é competente, mas infelizmente tem umas falhadas no controle, que às vezes custam uma rodada inteira. Mesmo assim, é interessante como o limitado console da Atari conseguia ter seus grandes momentos de Arcade em casa.

Esta edição mostra que o potencial do Atari 2600 era muito maior do que o que parecia em seu início, e estou positivamente surpreso com a qualidade dos jogos desta edição. As conversões de arcade foram muito competentes, considerando as limitações do console. Terminamos assim o ano de 1984 para o Atari 2600. Nas próximas edições vamos ver o que os próximos anos trouxeram ao pai dos consoles domésticos de videogame.

Destaques: Cosmic Commuter, H.E.R.O., Pitfall II, Spy Hunter, Tapper, Millipede, Pengo.
Piores momentos: River Patrol, Star Wars Arcade, Gremlins.