quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Análise 12 - Alex Kidd in Miracle World [Master System]

Certamente as postagens aqui do Old Magus' Pub têm tido uma maior inclinação recente para plataforma 2D e jogos de Arcade/fliperama. Minha intenção de curar informações e tecer opiniões pessoais a respeito de jogos clássicos tem seguido uma sequência relativamente lógica de dar ênfase aos jogos da década de 1980, seguindo cronologicamente até os anos 90 e a geração atual. Não sei dizer se chegarei a tanto, portanto vou me divertindo fazendo as postagens e vamos ver onde chegaremos. A década de 80 é uma década crucial para os jogos de videogame e entretenimento em geral, por isso ainda faltam muitos marcos importantes da década sobre os quais ainda quero discorrer. Portanto, dei um intervalo com a ordem cronológica dos jogos revolucionários da época para falar de Alex Kidd, um dos jogos que mais me marcaram. Lançado em 1986 no Japão, e em 1987 no resto do mundo pela Sega, com participação decisiva de Rieko Kodama (famosa por Phantasy Star e Skies of Arcadia) e Kotaro Hayashida (notório pela adaptação de Pitfall II para o obscuro Sega SG-1000, além de Phantasy Star e Space Harrier II para Mega Drive, entre outros).

A capa original...

...e a capa brasileira, que não faz jus ao jogo






















A bela tela inicial
Este foi o primeiro jogo de videogame que joguei na vida. Foi a primeira vez, lá em 1995 com apenas 5 anos de idade, com a geração 16 bits tendo passado de seu auge e dando lugar a uma nova geração de consoles e jogos, que eu pude jogar videogame pela primeira vez. Eu enxergava aquilo como um brinquedo o qual conectávamos à televisão, e ao invés de assistir a um desenho animado, nós deveríamos controlar e conduzir o personagem até seu objetivo. Fazíamos isso por meio de um controle, determinando para onde o bonequinho ia e o que ele faria e quando ele faria. Este bonequinho era o Alex Kidd, e o aparelho era um Master System Super Compact, embora na época eu apenas o conhecesse como "Master System". Este aparelho era um controle conectado diretamente à TV e com espaço para colocar cartuchos. Me lembro claramente do cheiro de plástico e da sensação ao pegá-lo.

A emblemática descida na primeira fase


A perseguição do fantasma continua tensa até hoje



Um dos desafios para progredir é saber quais objetos quebrar
A compra de itens trouxe diversidade à jogatina



Ao ligar eu ficava assistindo à abertura do jogo e as demonstrações das fases. Alex Kidd no Master System era simplesmente impressionante: ele podia quebrar blocos de pedra com os punhos, andar de moto, pilotar um jet-ski, e até mesmo uma espécie de helicóptero voador que era movido a pedais, como uma bicicleta - que ainda podia atirar em monstros pelos cenários. Na época, como vocês perceberam, eu era uma criança pequena, e estava impressionado com o que o Alex Kidd - e o Master System - podiam fazer. E desde então eu sempre passei a gostar muito de videogames. Eu não sabia o que era lançamento na época, e nem quais eram os melhores, e nem mesmo conhecia outros personagens. Menos ainda tinha acesso a revistas de jogos naquele momento de vida. O que eu sabia era que o Master System com Alex Kidd in Miracle World - mesmo sem saber traduzir o título na época - era um aparelho de videogame com um jogo absurdamente divertido, porém difícil. Enquanto criança eu nunca havia conseguido fazer as maravilhas que a introdução do jogo mostrava aos meus olhos de 5 anos de idade. Como uma vez resmunguei neste blog, eu não passava da primeira fase, mais precisamente a fase da água, na qual um inimigo sapo era meu nêmesis.
 
Prepare-se para ver muito esta tela;
Alex Kidd virando um anjinho após morrer
E como exatamente Alex Kidd fazia coisas tão impressionantes? Este é um jogo de plataforma 2D, herdando muitas características de Donkey Kong, Donkey Kong Jr, e principalmente, Super Mario Bros. Diferente de Mario, neste jogo o personagem é um mestre de artes marciais e usa o soco para atacar inimigos na tela, além de quebrar blocos no melhor estilo SMB, podendo pegar itens, dinheiro, e até mesmo libertar um fantasma assustador e invencível que persegue o Alex Kidd pela tela. As músicas do jogo são marcantes, somando-se a isto o aspecto nostálgico, forma uma das melhores trilhas de jogos que já ouvi.





Os controles são difíceis no início, explicando muito bem o porquê de tanta dificuldade que tive quando pequeno com este jogo. Analisando por um ponto de vista crítico, e tendo jogado outros jogos do gênero, Alex Kidd tem um controle um tanto escorregadio; como se estivéssemos jogando Mario, porém com o botão de corrida sempre apertado. Acertar os socos nos inimigos da tela também é desafiador, assim como o controle dos veículos deste jogo. Nada, porém, impossível. Com um pouco de prática e paciência é possível dominar os controles e se divertir. Conforme mencionado antes, esse jogo tem veículos para controlar. A moto acelera as coisas, facilitando a progressão em fases com muitos inimigos. O jet-ski é semelhante à moto, apenas transposto para fases aquáticas. E o mais empolgante de todos, o Peticopter: uma espécie de helicóptero movido a pedais como se fosse uma bicicleta, porém aérea e com a capacidade de atirar projéteis - na minha opinião responsável pelos momentos mais divertidos do jogo, e que com certeza deveria ter tido lançado um jogo exclusivamente para tais sequências (pronto, falei o que sempre quis que lançassem desde criança, até porque naquela época não cheguei até a fase do Peticopter).
As batalhas contra chefes são criativas até hoje

As fases são tão diversas quanto os veículos, os chefes são completamente originais e únicos, e devem ser enfrentados em partidas de Jan-ken-po (pedra, papel, tesoura). Percebe-se em cada traço do jogo o esforço dos desenvolvedores em inovar no estilo plataforma 2D. Os gráficos do jogo são muito bonitos, coloridos e detalhados, completamente à frente dos outros jogos para consoles 8-bits da época, sendo comparável a fliperamas mais robustos do início dos anos 1980. Além da diversão e desafio elevados, há alguns segredos e áreas escondidas disponíveis para os jogadores mais dedicados, estendendo a vida útil deste clássico.

Infelizmente, mesmo sendo melhor que Super Mario Bros. e Super Mario Bros. 2 em certos aspectos, Alex Kidd in Miracle World não adquiriu popularidade mundial como os jogos de Mario, Sonic, Mega Man, entre outros. Grande parte disso provavelmente porque o Master System não era um console popular no Japão e nos EUA. Contudo, no Brasil, este jogo foi e continua sendo absurdamente popular devido à excelente parceria da Tec-toy com a Sega na distribuição de jogos no país. Como disse o grande Stephano Arnhold da Tec-toy, Alex Kidd foi responsável por muitas conversas de recreio nas escolas, o "Schoolyard Gossip", tal era a popularidade entre os brasileiros, tendo feito parte da infância de muitos. Infelizmente este clássico não teve muitas sequências, sendo deixado de lado pela Sega em prol de lançar mais jogos do Sonic.

Ah, Peticopter...
Ironicamente, não saberia lhes dizer detalhes de como consegui tal façanha, um dia meu Master caiu na água e estragou, e infelizmente acabamos por jogar fora este console. Escolha da qual me arrependo hoje, pois mesmo se não houvesse conserto, seria muito bom ainda ter a carcaça do console de lembrança. Enfim, acredito que esta foi a única vez que estraguei algo quando criança, e curiosamente foi doloroso. Talvez venha daí meu cuidado com as coisas? Pode ser, não sei dizer ao certo, porém ficaria alguns anos sem Videogame - mais precisamente até o Natal de 1998, já com 8 anos de idade nas costas - isto porém, será assunto para outro dia. A grande herança de Alex Kidd junto do Master System foi realmente ter iniciado meu interesse por jogos eletrônicos, e desde então tem sido uma incrível viagem.

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