sábado, 15 de outubro de 2016

Análise 17 - Scramble [Arcade]

Um dos fliperamas de Scramble
É com muito prazer que volto a postar neste blog, seguindo com esta jornada de conhecer e curar informações sobre jogos antigos. Devo dizer que tem sido muito gratificante e prazeroso conhecer esses títulos e preparar estes registros no blog. Hoje venho falar sobre o jogo mais difícil e desafiador que já citei neste espaço. Trata-se de Scramble, um shooter espacial lançado pela Konami em 1981 para fliperamas. Logo de início percebe-se que ele é bem diferente de outros shooters da época: a visão da nave e das ações é lateral e as telas são fluidas, com o efeito side scrolling. Já citei Scramble há muito tempo neste blog na matéria sobre a evolução dos jogos com o side scrolling 2D. Pois bem, hoje entrarei em mais detalhes sobre este título.















Scramble trouxe importantes mudanças ao estilo



Scramble é ação do início ao fim
Vou começar traçando uma comparação com outros jogos do mesmo estilo dos quais já falei aqui. Em Space Invaders, Asteroids, Galaxian e Defender, somos introduzidos a ondas de inimigos e obstáculos cada vez mais difíceis e exigentes, e apenas em Galaxian temos, mesmo que limitada, uma sensação de progressão, enquanto os outros três simplesmente requerem que eliminemos os inimigos em sucessivas batalhas. Scramble tem uma mentalidade diferente: como se trata se um jogo com side scrolling - sendo um dos principais jogos a difundir este efeito visual - o jogador controla a nave por um percurso, ou seja, com um ponto de partida e um ponto de chegada. Um início e um final. Neste tipo de jogo isto foi inédito para a época, pois este foi um dos primeiros títulos a definir uma missão específica para o jogador: avance por terreno alien e destrua a base no final. 


A instigante tela inicial, nos desafiando sempre.
Os gráficos são pixelizados - ou rastelados - a exemplo de Space Invaders e Galaxian, e são muito coloridos. O visual marca pois as cores são fortes embora limitadas, e os visuais de explosões e efeitos de movimentação são convincentes. A cada território vencido o cenário muda de cor. O terreno passa a percepção visual de um lugar deserto, pedregoso, no espaço, realmente como em um planeta alienígena em filmes de ficção científica. Neste aspecto, Scramble cumpre muito bem seu papel, deixando muito claro todo o clima espacial, o que é um grande ponto positivo.


Os sons são avançados para a época. As explosões têm um som bastante convincente embora em minha opinião, dos shooters antigos dos quais falei até aqui, Defender tenha o melhor som. Há todo um clima futurista, e ao jogar as bombas, elas fazem um som de assovio em sua trajetória, demonstrando a queda. O tempo todo podemos ouvir o motor da nave, que para mim parece mais um fusca (risos). Não há uma trilha sonora. A única música deste jogo é um tema de 4 segundos que toca antes do início, lembrando aquelas marchas de corridas de hipismo que assistimos em filmes antigos. É como se o jogo tentasse incitar o jogador a iniciar uma corrida.


É de fato quase como se fosse uma corrida, porém para sobreviver. O sistema de jogo requer algum grau de estratégia além dos reflexos rápidos, e o tempo todo os inimigos estão partindo para cima da nave, em padrões cada vez mais rápidos e difíceis de evitar uma colisão. Paralelo a isto, o jogo estimula o jogador a avançar, sempre dizendo: "Quão longe você consegue invadir nosso sistema?" Imagino que na época este fliperama devorava fichas, pois mesmo com uma dificuldade extrema, é um jogo muito divertido.
O sistema de pontuações

  
Os controles são simples: a nave pode ser movida em oito direções, sempre seguindo em frente. Há um botão para tiro direto, assim como em Defender, e também há outro botão para bombas, que se comportam com uma física bastante convincente em sua queda - mesmo que seja questionável a falta de gravidade no espaço, porém isto é um videogame, portanto sem o compromisso de ser ultra realista - e o posicionamento da nave é fundamental para o êxito. Não há transição entre telas, e a cada etapa vencida o jogo simplesmente continua, o que é permitido pelo side scrolling horizontal deste título.  Ao tocar em algum obstáculo ou inimigo, a nave explode, por isso o primeiro desafio é se manter vivo no jogo. O segundo desafio é não permitir que o combustível acabe. Ele é representado por uma barra na parte de baixo da tela, escrito FUEL. Conforme jogamos, esta barra vai reduzindo, e ao chegar a zero, a nave simplesmente cai e perdemos uma vida. Para manter o combustível, é necessário destruir tanques de combustível pelo cenário usando a bomba, e até se acostumar com a dinâmica das bombas e sua física, vão-se alguns bons créditos. Por fim, o terceiro desafio é ter uma alta pontuação, pois é bastante difícil se preocupar com os inimigos e sobreviver ao mesmo tempo. 




Um dos flyers da época - clara influência de Jornada nas Estrelas
O jogo é dividido em seis fases, porém como comentei antes, não há transição entre elas, pois o jogo simplesmente continua. Porém, na parte superior da tela é possível verificar em que altura estamos. Jogar Scramble é divertidíssimo porém a brincadeira deve ficar cara no fliperama de verdade. É um jogo brutal, absurdamente desafiador, e uma ótima opção pelo MAME. Foi o precursor da série Gradius e introduziu várias mecânicas que ajudaram a moldar os shooters como conhecemos. O visual pode ser um pouco cansativo aos olhos, pois as cores são muito marcadas, porém Scramble é um jogo muito desafiador que vai divertir muito quem gosta de jogos difíceis e de "navinha". 











Nenhum comentário:

Postar um comentário