terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Análise 69: Space Harrier [Arcade]


Ano novo, vida nova... Todo começo de ano nós definimos o que fazer de diferente, estimulados em todos o sentidos, como se uma chavinha virasse e fosse de fato uma fase nova. Na prática, isto é um conceito inventado pela humanidade, de colocar uma fita métrica no tempo e medí-lo em horas, dias, anos... Mas se pensarmos de um modo mais otimista, é uma ideia muito interessante até espiritualmente falando, pois esta noção de ano novo nos estimula a navegar por novos mares a cada vez que recomeça um ciclo. Afinal é ano novo, portanto um novo paradigma - pelo menos em nosso imaginário... Então, para  não perder o velho hábito de mudar (por mais esquisita que a ideia pareça), algumas pequenas novidades vão aparecer nas próximas análises.  Logo ao início vou buscar tecer breves comentários sobre minha configuração para cada jogo postado. Por exemplo, foi no próprio console com cartucho? Foi com Flash Card ou Everdrive? Foi emulador? Ou alguma coletânea de jogos antigos lançada em algum sistema mais moderno? E os senhores vão notar que vou incluir um vídeo com alguns momentos da jogatina, sempre que possível. Vamos à análise, portanto.

O Space Harrier é um exemplar que joguei casualmente algumas vezes pelo emulador há alguns anos, porém foi a versão de Master System. Desde que comecei com as análises deste blog, tenho interesse em conferir o arcade de SH, pois parece mesmo ser um jogo historicamente importante nos anos 80. Pois bem, chegou a hora. Para esta análise joguei pelo emulador MAME em meu notebook, usando um controle USB da Retrolink, réplica do Sega Saturn. Aliás, que controle excelente para jogos antigos... Recomendo a todos, é fácil de achar pelo Aliexpress. Vale a pena esperar o frete. Assim como também valeu a pena tentar até conseguir configurar uma versão do MAME que rodasse esse jogo. Esse é um emulador enjoado, para dizer o mínimo, mas vale a pena. Por aqui deu certo com a versão 0142b. Pois bem, vamos ao jogo em si.

Um clássico dentro de outro clássico dispensa legendas...


Desenvolvido pela Sega e lançado em 1985 para os arcades, Space Harrier é considerado um dos maiores sucessos do desenvolvedor Yu Suzuki - famoso por grandes clássicos da Sega, como OutRun, Hang-On, Virtua Fighter, Shenmue... Trata-se de um jogo de tiro em terceira pessoa com uma progressão automática, que com o passar dos anos, críticos e jogadores chamariam de rail shooter. Dentre os mais antigos shooters, o mais parecido com Space Harrier é provavelmente Tempest (leia a análise aqui) da Atari, lançado em 1981. Space Harrier poderia ser bem definido como a evolução de Tempest e um ancestral de Star Fox e Panzer Dragoon.

O belíssimo gabinete de Space Harrier.
Créditos da foto: Harcore Gaming 101.
Aqui controlamos o protagonista Harrier, que está equipado com um canhão especial, que também serve como propulsor a jato, permitindo que ele voe e atire ao mesmo tempo. O personagem sempre estará posicionado no centro da tela, sendo preciso segurar o direcional na direção desejada, ou ele sempre vai se posicionar no centro. Parece um pouco diferente no início mas é muito simples se acostumar com essa dinâmica. É possível se movimentar em todas as direções da tela, porém não é possível parar/frear. O personagem perde uma vida se for atingido por algum inimigo, projétil ou obstáculo, devendo passar por cada fase atirando em tudo o que aparecer pela frente, quase sempre com um chefe de fase ao final de cada percurso (mais precisamente 15 entre 18 fases totais).






Os gráficos são muito à frente de sua época de lançamento: ele parece um jogo avançado da geração 16 bits, com uma velocidade e movimentação incrivelmente fluidos, que fazem vários jogos do Mega Drive parecerem lentos. Os sprites dos personagens são enormes e a progressão do cenário com o chão desenhado em quadriláteros se unem para transmitir uma sensação de profundidade em um visual pixelizado tridimensional. Se em pleno 2018 eu achei interessante o efeito gráfico de Space Harrier, fico imaginando o impacto visual que esse jogo teve em 1985.





Os sons também chamam muito a atenção por sua potência e profundidade, casando muito bem com a excelente trilha sonora composta por Hiroshi Kawaguchi (famoso por toda uma carreira trabalhando na Sega, com especial menção às inesquecíveis músicas de Out Run), munido com um sintetizador Yamaha DX7 fazendo excelente uso do chip FM dos arcades da Sega. Menção especial para o excelente baixo das músicas, com timbre cheio e marcante. Toda essa sonoridade incluiu também vozes digitalizadas mais limpas e claras que em qualquer outro videogame da época. Dessa forma, todo o clima da aventura está muito bem retratado.




Os controles originais do arcade são baseados em uma alavanca analógica, porém minha configuração aqui em casa também funcionou muito bem. Cada fase tem uma variedade grande de inimigos a abater, com desafio crescente, gerando uma experiência incrível mesmo no dia de hoje. A ação é veloz e furiosa, gerando algumas cenas inigualáveis em sua época de lançamento. Em suma, Space Harrier é divertido, viciante e desafiador. No MAME temos fichas ilimitadas à disposição, mas se imitarmos a experiência original do arcade de se usar poucas fichas, o jogo é realmente difícil. Recomendo Space Harrier a qualquer um que seja minimamente interessado em videogames em geral, realmente é um clássico.


6 comentários:

  1. Fala Lucas, beleza? Poxa cara, acredita que eu conhece esse jogo a mais de 20 anos e nunca joguei ele? Que diabos me pergunto pq nunca joguei ele! Já vi em revista, em abertura de programas de Games dos anos 90, em sites, em vídeos no Youtube e nunca parei para jogar.
    Na verdade eu conheço esse jogo mais especificamente do Master System. Acredito que a versão de Master System passe longe em qualidade do que é a de Arcade. E se não me engano no Master System vc usava aquele óculos 3D para jogar. Outra coisa que nunca joguei!
    Mas deixando de lado tudo isso vou tentar jogar em breve esse game e acabar com esse pecado meu. Ótimo texto Lucas, grande abraço meu velho. Ivo.

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    1. Era o tipo de jogo que eu também sempre via em revistas mas jogá-lo mesmo só há pouco tempo.

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    2. Eai Ivo! Tudo joia?? Por aqui tudo nos conformes. Cara, esse foi um jogo que só fui conhecer depois de adulto. Na época eu não conhecia. O Space Harrier é um jogo curto, mas que vale muito a pena conhecer. Ele é bem acima da média para a época.

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  2. Ótimo texto, Lucas. Sobre o MAME e suas imcompatibilidades eu recomendo fazer o seguinte. Baixe roms no emuparadise na área de mame e rode o jogo com o retroarch usando o core "mame" e também "mame 2016". Eu rodo de tudo sem problemas. Faz tempo que eu não uso o emulador básico do mame. O jogo é super famoso mas eu tenho um problema com jogos deste tipo. Eles são de mira livre. Eu tenho problemas de orientação em tela com eles. Eu gosto do jogo mas não sei ou não consigo jogá-los decentemente. Embora que neste caso o personagem sempre repousa no centro da tela, e isso é ótimo.
    Grande abraço.

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    1. Obrigado pela consideração Ulisses! Nunca usei o retroarch. Vou ver se aprendo porque depender só do mame para jogos clássicos de arcade é inconveniente às vezes. Sobre o controle desse tipo de jogo é uma questão de gosto mesmo. Grande abraço!

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  3. Space Harrier pode ter ficado um pouco datado pra galera e até um pouco canastrão pela quantidade de ports e continuações não muito diferenciadas entre si, mas ele foi muito inovador. Dando uma chance pra Space Harrier você acabará viciado. O mais curioso é que esse catálogo do Shenmue é basicamente o legado do Yu Suzuki que pode ser conferido também numa coletânea para o próprio Dreamcast. Sem querer puxar saco desta empresa, mas eu acho que as pessoas deveriam conhecer melhor a contribuição dela para a indústria de jogos eletrônicos. Sega, Hudson, NEC, Konami e até os primórdios da Nintendo merecem uma pesquisada. Muito obrigado por ter referenciado a nossa página. Conheci a pouco este blog e já achei muito bacana o conteúdo, incluirei no feed de parcerias.

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