terça-feira, 22 de novembro de 2016

Análise 29 - H.E.R.O. [Atari 2600]


Após superar a ressaca de ter me esforçado para escrever sobre Frostbite, tive o prazer de conhecer e me divertir muito com Keystone Kapers, o que me estimulou a voltar a escrever naquele bom ritmo. Hoje venho falar sobre H.E.R.O., um jogo de plataforma ousado e muito diferente já em 1984. H.E.R.O. é uma sigla que significa Helicopter Emergency Rescue Operation, e o personagem do jogo é Roderick Hero, uma espécie de time de resgate de um homem só. Ele está sempre equipado com uma mochila-helicóptero, semelhante ao Peticopter do Alex Kidd in Miracle World, o que me faz pensar que aqueles excelentes momentos do jogo de Master System devem ter sido inspirados por H.E.R.O. 










Ao invés dos saltos, um helicóptero.


Desenvolvido por John Van Ryzin e lançado pela Activision para o Atari 2600 em 1984, é um jogo de plataformas aos moldes de Donkey Kong e Pitfall!, porém mesmo com o estilo ainda nos primórdios, já apresentava uma inovação ousada: o personagem não podia saltar. O personagem usa uma mochila-helicóptero para resgatar vítimas presas em uma mina, aparentemente após um desmoronamento. A mina é explorada dividindo-se a ação em várias telas, a exemplo de Pitfall!, porém com uma progressão verticalizada para baixo, ainda sem o efeito de side scrolling.



A cada vítima resgatada o cenário fica mais intrincado.


Os controles são bastante simples: o direcional para cima faz com que gire a hélice para ganhar altura, e para os lados direciona o personagem, necessitando um controle refinado para manobrá-lo. Há um certo realismo na física do jogo e ao voar com o herói há realmente a sensação de que ele tem peso e as movimentações respondem à lei da inércia. É importante porém lembrar que há um limite de energia para o helicóptero que deve ser dosado. As fases terminam ao encontrar uma vítima soterrada, avançando assim aos níveis mais difíceis. Além de manobrar pelas cavernas labirínticas, é preciso evitar obstáculos e explodir paredes, algumas das quais o jogador não pode tocar. O jogo exige uma precisão absurda, que acredito que seja melhor experimentada no controle original de Atari 2600.


Além de resumir bem as mecânicas básicas do jogo, o manual deixava o jogador no clima da história.


Há vários detalhes interessantes que fazem com que H.E.R.O. seja à frente de seu tempo: ao tocar em uma lâmpada o cenário fica completamente escuro, impossibilitando o jogador de ver o caminho. Algumas paredes são vermelhas - paredes de magma - que tiram uma vida quando são tocadas. Graficamente o jogo é provavelmente o melhor que o Atari 2600 pode oferecer: há diversos detalhes desde a asa dos morcegos batendo, a movimentação do herói, os outros inimigos... Tudo isso aliado a um excelente controle de precisão do vôo e manobras de resgate, e além disso o capacete do herói ainda pode atirar lasers para destruir os inimigos, aumentando a pontuação.


H.E.R.O. é como um jogo feito só de Pecticopter,
só que sem o Alex Kidd, antes de lançarem Alexx Kidd :)

Falando no sistema de pontuações, ele depende do tempo usado para salvar as vítimas, do número de dinamites não usadas, inimigos abatidos e energia sobrando no helicóptero. A cada 20.000 pontos o jogador ganha uma vida extra. Este sistema premia muito o planejamento e memorização dos níveis, sendo um jogo de estilo arcade mas com uma veia de aventura, um estilo que na minha opinião os desenvolvedores acertaram em cheio na época. Algumas minas mais profundas estão inundadas, forçando os jogadores a controlar o vôo por sobre a água, e em níveis mais avançados é até preciso evitar monstros que emergem da água.

Ao quebrar uma lâmpada não é mais possível enxergar o caminho

Em minha opinião H.E.R.O. é um jogo simplesmente incrível e que deveria ser melhor lembrado. Trouxe excelentes inovações para o estilo plataforma 2D, e para mim é como se tivessem lançado um jogo do Alex Kidd focado no Peticopter. Quem diria que depois de adulto eu veria um jogo assim como imaginei quando era criança! Dos jogos de Atari 2600 que conheci este ano foi o que mais gostei, e em minha opinião é a síntese perfeita dos clássicos da Activision na primeira metade da década de 1980. Inovador até hoje, H.E.R.O. é uma obra prima.


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